PF solicita extradição de oito suspeitos de fraude no Pix que desviou R$ 813 milhões

Polícia Federal formaliza pedido de extradição para que suspeitos presos no exterior sejam julgados no Brasil
- Quem são os alvos do pedido de extradição
- O que motivou a ação da Polícia Federal
- Quando e como ocorreu o ataque à C&M Software
- Detalhes operacionais da segunda fase da Magna Fraus
- Quais crimes são imputados ao grupo investigado
- Como funciona o processo de extradição
- Impacto financeiro e patrimonial das medidas judiciais
- Papel da C&M Software no ecossistema do Pix
- Consequências potenciais para o sistema financeiro
- Próximos passos da investigação
- Panorama geral da Operação Magna Fraus
Quem são os alvos do pedido de extradição
A Polícia Federal encaminhou à Justiça um pedido para trazer ao território brasileiro oito pessoas apontadas como integrantes de um grupo especializado em fraudes bancárias. Elas foram capturadas durante a segunda fase da Operação Magna Fraus, deflagrada em 30 de outubro, e estão atualmente sob custódia em dois países: seis na Espanha e duas na Argentina. Segundo os investigadores, os detidos estariam ligados ao ataque cibernético realizado em julho contra a C&M Software, empresa que faz a interface entre bancos e o Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) para transferências via Pix.
O que motivou a ação da Polícia Federal
A ofensiva policial foi desencadeada após o desvio de valores que alcançam R$ 813 milhões. O montante teria sido subtraído de contas utilizadas por instituições de pagamento e por bancos, especificamente aquelas dedicadas à administração de transações instantâneas de clientes. O volume financeiro recuperado ou bloqueado até o momento não foi divulgado, mas as medidas de apreensão realizadas nas últimas operações indicam um esforço para rastrear os recursos em espécie, criptomoedas e bens de alto valor.
Quando e como ocorreu o ataque à C&M Software
O incidente principal aconteceu em julho, quando hackers acessaram sistemas vinculados à C&M Software. A empresa, autorizada pelo Banco Central para intermediar a comunicação entre instituições financeiras e a plataforma do Pix, teve seus ambientes comprometidos. Embora os detalhes técnicos do acesso ilícito não tenham sido publicizados, a investigação aponta invasão de dispositivos informáticos seguida de furto mediante fraude eletrônica. Em consequência, milhões foram desviados de contas de compensação mantidas por diversas entidades financeiras.
Detalhes operacionais da segunda fase da Magna Fraus
No dia 30 de outubro, a PF executou a segunda etapa da operação em múltiplas unidades da federação e em território estrangeiro. Foram expedidos 26 mandados de prisão e 42 de busca e apreensão. Ao final da mobilização, 21 pessoas haviam sido presas, total que inclui os oito detidos fora do Brasil. Paralelamente, os agentes confiscaram 15 automóveis de alto padrão, mais de R$ 1 milhão em criptomoedas e artigos considerados de luxo, como bolsas, joias, tênis e sapatos. Ainda houve o bloqueio judicial de 26 imóveis e outros bens avaliados em R$ 640 milhões.
Quais crimes são imputados ao grupo investigado
Os indiciamentos abrangem quatro delitos previstos no ordenamento jurídico brasileiro: organização criminosa, invasão de dispositivo informático, furto mediante fraude eletrônica e lavagem de dinheiro. A soma desses enquadramentos pode resultar em penas elevadas, especialmente porque o valor subtraído ultrapassa a casa das centenas de milhões de reais e há indícios de atuação estruturada e transnacional.
Como funciona o processo de extradição
O pedido encaminhado pela Polícia Federal tem por objetivo levar os oito custodiados na Argentina e na Espanha a responder pelos crimes no Brasil. Para que isso ocorra, o requerimento precisa superar etapas judiciais e administrativas em cada país onde os suspeitos estão detidos. Primeiro, a Justiça local analisa a documentação enviada pelo Judiciário brasileiro, verificando se estão atendidos os requisitos legais, como tipificação semelhante das condutas e ausência de impedimentos previstos em tratados internacionais. Depois, o Executivo do país estrangeiro decide se confirma ou não a entrega dos detidos aos agentes brasileiros.
As normas variam conforme a legislação interna das nações envolvidas, razão pela qual ainda não há prazo definido para o término do processo. Enquanto isso, os suspeitos permanecem sob custódia fora do Brasil, aguardando o desfecho das verificações judiciais e diplomáticas.
Impacto financeiro e patrimonial das medidas judiciais
Além das prisões, a operação concentrou esforços na interrupção do fluxo de capitais obtidos ilicitamente. Os 15 veículos apreendidos e os itens de luxo recolhidos compõem parte de um patrimônio que, segundo a PF, tem origem nos valores desviados. O bloqueio de 26 propriedades e de outros ativos soma R$ 640 milhões, quantia que se aproxima do montante subtraído no golpe cibernético. A retenção de mais de R$ 1 milhão em criptomoedas demonstra que o grupo investigado também mantinha estratégias de ocultação digital, prática frequentemente associada à lavagem de dinheiro.
Papel da C&M Software no ecossistema do Pix
A C&M Software exerce a função de ponte tecnológica entre bancos, fintechs e o Banco Central no que se refere às transferências instantâneas. A empresa opera soluções que permitem o encaminhamento de ordens de pagamento para o SPB, garantindo que as transações via Pix ocorram em poucos segundos. Esse posicionamento estratégico a torna alvo valioso para agentes mal-intencionados, pois a qualquer vulnerabilidade nos sistemas intermediários pode reverberar em múltiplas instituições simultaneamente.
Consequências potenciais para o sistema financeiro
Embora os dados apontem perda de R$ 813 milhões, a extensão do impacto sobre clientes finais e sobre a liquidez das instituições afetadas não foi detalhada pelos investigadores. No entanto, a mobilização nacional e internacional da Operação Magna Fraus sinaliza a gravidade do ataque, reforçando a necessidade de protocolos robustos de cibersegurança nos ambientes que interagem com o Pix.
Próximos passos da investigação
Com o pedido de extradição já registrado, a expectativa é que os processos de cooperação internacional avancem. A PF também continua a cumprir mandados de busca e a analisar os materiais apreendidos, atividade fundamental para rastrear valores que possam não ter sido identificados na primeira varredura. Além disso, a apuração deve produzir relatórios periciais destinados a comprovar a autoria e o caminho do dinheiro, elementos indispensáveis para a ação penal.
Panorama geral da Operação Magna Fraus
Iniciada para desarticular fraudes contra bancos, a Magna Fraus já soma duas fases. Na etapa anterior — cujos detalhes não foram retomados nos documentos mais recentes —, a PF mapeou o modo de atuação do grupo, identificando as credenciais comprometidas, os sistemas acessados e os meios empregados para transferir quantias vultosas sem despertar suspeitas imediatas. A ofensiva de 30 de outubro consolidou o cerco ao patrimônio e alcançou suspeitos que haviam se deslocado para fora do país, exigindo articulação com autoridades estrangeiras.
Com a convergência de ações policiais, bloqueios judiciais e tratativas de extradição, o caso avança para a fase de instrução processual. O resultado dessas etapas, aliado às recuperações patrimoniais, deve indicar o alcance real do prejuízo ocasionado pelo ataque ao Pix.
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