Ocultação lunar faz a Lua encobrir Beta Tauri; fenômeno será visível na maior parte do Brasil

Fenômeno astronômico raro estará ao alcance de observadores brasileiros na noite de sexta para sábado. Entre 22h40 de 7 de junho e 2h38 de 8 de junho (horário de Brasília), a Lua – com 86 % de sua superfície iluminada, quatro dias após o ápice da fase cheia – passará exatamente diante de Beta Tauri, estrela também conhecida como Elnath e segunda mais luminosa da constelação de Touro. O evento, classificado como ocultação lunar, transforma o disco lunar em uma espécie de “tampa” que cobre temporariamente o astro de magnitude aparente 1,65.
- Quem participa do alinhamento celeste
- O que acontece durante a ocultação
- Quando observar no horário de Brasília
- Onde o fenômeno será acessível
- Por que a visibilidade é restrita
- Como a Lua interfere na visualização
- Detalhes físicos de Beta Tauri
- Ambiente celeste ao redor do chifre do Touro
- Processo de desaparecimento e reaparecimento
- Importância científica das ocultações
- Eventos astronômicos recentes envolvendo a Lua
- Recomendações práticas de observação
Quem participa do alinhamento celeste
O “quem” do fenômeno envolve dois corpos celestes com naturezas muito diferentes. De um lado está a Lua, único satélite natural da Terra, cujo movimento orbital produz possibilidades regulares de alinhamentos com estrelas ou planetas. Do outro lado está Beta Tauri, localizada a aproximadamente 134 anos-luz e ocupando a posição que marca a ponta de um dos chifres do Touro no desenho da constelação. A denominação popular Elnath deriva do árabe e significa “a cabeçada” ou “aquilo que empurra com os chifres”, referência direta à localização gráfica do astro no firmamento.
O que acontece durante a ocultação
Ocultações lunares ocorrem quando a Lua, vista da Terra, cruza a linha de visão de uma estrela ou planeta, bloqueando-o completamente por alguns minutos. Para Beta Tauri, o desaparecimento acontecerá nos limites visuais marcados em vermelho em mapas de visibilidade fornecidos por plataformas especializadas; o reaparecimento está indicado em contornos azuis. A estrela deixa de ser vista ao tocar a borda iluminada do disco lunar e retorna quando emerge pelo lado oposto. Todo o processo pode ser acompanhado a olho nu em locais com céu límpido, embora binóculos ou telescópios modestos facilitem a percepção do instante exato em que o ponto luminoso some e volta a brilhar.
Quando observar no horário de Brasília
O intervalo total de possibilidade para o Brasil estende-se por cerca de quatro horas, entre 22h40 e 2h38. A duração específica varia de acordo com a posição geográfica de cada observador, consequência da própria geometria do alinhamento. Dentro desse período, o instante preciso do desaparecimento e do reaparecimento pode diferir em minutos ou até dezenas de minutos, mas permanece restrito ao intervalo informado.
Onde o fenômeno será acessível
Quase todo o território nacional encontra-se dentro das faixas sólidas traçadas para a desaparição (vermelho) e o retorno (azul). Nas regiões marcadas por linhas contínuas, a altura da Lua no céu deve ser suficiente para evitar a interferência de obstáculos horizontais, como construções ou relevo. Nas áreas com contornos pontilhados, o evento acontece enquanto o satélite ainda está muito próximo do horizonte ou sob céu excessivamente claro, o que pode dificultar a observação mesmo que o alinhamento seja geometricamente possível.
Por que a visibilidade é restrita
A explicação essencial repousa na paralaxe lunar. Por situar-se a apenas cerca de 384 mil quilômetros, a Lua exibe deslocamento aparente de até dois graus quando vista de pontos extremos da Terra — quatro vezes o diâmetro do disco lunar. Esse desvio significa que um alinhamento exato para um observador em determinado país pode simplesmente não existir para outro em região distante. Assim, a área de visibilidade forma uma faixa estreita cobrindo apenas parte da superfície terrestre; fora dos contornos traçados, Beta Tauri jamais será encoberta durante a passagem.
Como a Lua interfere na visualização
Nesta circunstância, a Lua encontra-se 86 % iluminada, fase que deixa menos contraste entre o brilho lunar e o fundo celeste do que na Lua nova, mas oferece luminosidade suficiente para qualquer observador encontrar o satélite sem dificuldade. A porcentagem de iluminação corresponde ao quarto dia após a cheia, ponto em que o disco permanece relativamente grande e claro, favorecendo registros fotográficos e observação direta.
Detalhes físicos de Beta Tauri
Beta Tauri é classificada como gigante azul-branca do tipo espectral B. Esse tipo agrupa estrelas quentes e de coloração azulada a branco-azulada. Sua temperatura superficial alcança cerca de 13 600 K (13 327 °C), valor significativamente superior aos 5 800 K (5 527 °C) registrados na superfície solar. Atualmente, Elnath já consumiu grande parte do hidrogênio de seu núcleo e começa a expandir-se e esfriar, processo que a conduzirá futuramente ao estágio de gigante vermelha. Até o momento, não há confirmação de exoplanetas orbitando o astro.
Ambiente celeste ao redor do chifre do Touro
A constelação de Touro abriga diversos objetos dignos de nota. Nas proximidades de Beta Tauri podem ser vistos aglomerados abertos, nebulosas e grupos de estrelas jovens associados à constelação vizinha Auriga. Embora esses corpos não interfiram na ocultação, compõem um cenário favorável para quem utiliza instrumentos ópticos e deseja explorar o campo estelar tão logo o fenômeno principal termine.
Processo de desaparecimento e reaparecimento
O contato inicial entre a borda lunar e a estrela é conhecido como imersão. Nesse momento, o brilho da estrela se extingue subitamente, porque o disco lunar não possui atmosfera que cause transição suave. Após atravessar o disco, a estrela torna a surgir, evento chamado emersão. Para Beta Tauri, ambos os instantes ocorrem no intervalo geral anunciado, mas cada localidade verá números específicos a depender da latitude e longitude. Observadores poderão utilizar cronômetros para medir o tempo exato entre as duas etapas, informação útil em estudos que envolvem a topografia lunar.
Importância científica das ocultações
Além do interesse para observadores amadores, ocultações contribuem para atualizações de coordenadas estelares e refinamento de modelos de órbita lunar. Ao cronometrar sucessivas imersões e emersões em diferentes pontos do planeta, astrônomos ajustam cálculos de posição, paralaxe e velocidade. No caso de Beta Tauri, cada registro obtido dentro da faixa de visibilidade brasileira soma dados à base global usada no acompanhamento da órbita da Lua.
Eventos astronômicos recentes envolvendo a Lua
A mesma semana já havia chamado atenção do público por outro motivo: a maior Superlua prevista para 2025 apareceu acompanhada do aglomerado aberto Plêiades (Messier 45), conhecido como As Sete Irmãs. Nessas ocasiões, a Lua aproxima-se mais de 14 % do ponto médio de distância à Terra, aumentando sua dimensão aparente e seu brilho. Embora não exista correlação direta entre a Superlua e a ocultação de Beta Tauri, os dois fatos ilustram como o satélite natural proporciona múltiplos espetáculos em curto intervalo de tempo.
Recomendações práticas de observação
Para quem pretende acompanhar a ocultação, o ponto de partida é verificar a hora local exata para imersão e emersão em ferramentas de latitude e longitude. Mesmo em áreas urbanas, o brilho de Beta Tauri é suficiente para superar poluição luminosa moderada, mas locais escuros ampliam a nitidez. Binóculos de 7×50 ou telescópios de pequena abertura aumentam a segurança de captar o instante exato do desaparecimento. Tripés e câmeras capazes de gravação em vídeo podem registrar o fenômeno para posterior análise.
Entre 22h40 e 2h38, a Lua atravessa a eclítica rumo à constelação de Touro, executando o breve eclipse de Beta Tauri. Dentro das regiões mapeadas para o Brasil, a oportunidade será única na noite de 7 para 8 de junho. Observar o desaparecimento de uma estrela de primeira magnitude atrás do disco lunar, mesmo que por poucos instantes, exemplifica a precisão mecânica dos movimentos celestes e oferece uma demonstração direta de como as posições aparentes no céu variam conforme a localização do observador na superfície terrestre.
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