Google obtém aval do Departamento de Justiça para adquirir a Wiz por US$ 32 bilhões, maior investimento da história da Alphabet

Lead – O Departamento de Justiça dos Estados Unidos autorizou a aquisição da empresa israelense de cibersegurança Wiz pelo Google, operação avaliada em 32 bilhões de dólares. A aprovação, confirmada pelo diretor-executivo da Wiz, Assaf Rappaport, durante evento do Wall Street Journal em 4 de março, marca o maior movimento de fusão e aquisição já empreendido pela Alphabet, controladora do Google.

O que foi autorizado

A negociação envolve a transferência completa do controle da Wiz para o Google. Trata-se de uma compra anunciada em março deste ano, depois de meses de tratativas entre as duas companhias. O valor final, de 32 bilhões de dólares, superou proposta anterior, feita em 2024, que alcançara 23 bilhões de dólares e foi rejeitada pela startup.

Com a comunicação oficial do Departamento de Justiça, a transação ultrapassa etapa regulatória crucial em território norte-americano. O órgão antitruste examinou a operação durante quase um ano, avaliando possíveis impactos de concentração de mercado e eventuais riscos competitivos no setor de serviços em nuvem e segurança digital.

Como a negociação evoluiu

A história da compra começou em 2024, quando o Google apresentou uma oferta inicial de 23 bilhões de dólares. Na ocasião, a Wiz decidiu permanecer independente, alegando potencial de crescimento próprio superior ao montante oferecido. Já nos primeiros meses de 2025, as conversas foram retomadas; desta vez, o Google elevou a proposta para 32 bilhões de dólares. Em março, as duas empresas oficializaram o acordo, posicionando a aquisição como a maior da trajetória da Alphabet.

Quem é a Wiz

Fundada em Israel por ex-militares, a Wiz atua no desenvolvimento de soluções de cibersegurança voltadas à proteção de infraestruturas em nuvem. Seus produtos ajudam empresas a identificar vulnerabilidades, monitorar ameaças e mitigar riscos operacionais associados ao avanço da computação em nuvem e da inteligência artificial generativa.

A experiência dos fundadores em ambientes militares moldou a cultura interna da startup, focada em respostas rápidas e metodologias de defesa avançadas. Esse perfil chamou a atenção do Google, interessado em robustecer seu portfólio de segurança diante da escalada de ataques digitais globalmente.

Por que o Google busca a startup

O principal objetivo estratégico é reforçar a divisão Google Cloud. Ao incorporar as tecnologias da Wiz, a companhia de Mountain View planeja aprimorar os serviços de proteção oferecidos a organizações que mantêm dados e aplicativos em sua infraestrutura. O movimento alinha-se à crescente demanda por barreiras contra ameaças cibernéticas e ao esforço das grandes empresas de tecnologia para agregar camadas de segurança nativas em suas plataformas.

Além disso, a aquisição ajuda o Google a responder a desafios associados à inteligência artificial generativa, área em que novas formas de ataque vêm sendo identificadas. Integrar a expertise da Wiz amplifica a capacidade do Google de oferecer soluções que combinam IA, nuvem e segurança, três verticais consideradas prioritárias para a controladora Alphabet.

Significado financeiro do valor de 32 bilhões de dólares

O montante torna a transação a mais cara já registrada pela Alphabet em termos absolutos. Ele supera qualquer compra anterior realizada pelo conglomerado, evidenciando o peso atribuído à cibersegurança e à computação em nuvem na estratégia de longo prazo da empresa.

Ao mesmo tempo, o valor final confirma a percepção de mercado de que ativos ligados à proteção digital são vitais e, portanto, valorizados. Para a Wiz, a soma reflete a confiança no crescimento do segmento e na escalabilidade de suas soluções.

Etapas regulatórias ainda pendentes

A aprovação do Departamento de Justiça não encerra completamente o processo. Conforme declaração de Assaf Rappaport, outras análises deverão ocorrer antes do fechamento definitivo, previsto para 2026. A sinalização indica que a operação segue sob escrutínio de diferentes instâncias regulatórias, internas e externas aos Estados Unidos, até que todos os requisitos de conformidade sejam atendidos.

Nem o órgão governamental nem a própria Wiz comentaram publicamente detalhes adicionais sobre prazos e condições restantes. Ainda assim, a anuência inicial do Departamento de Justiça elimina um dos obstáculos considerados mais críticos.

Financiamento e fôlego de caixa da Alphabet

Para sustentar investimentos maciços em inteligência artificial e infraestrutura de nuvem, a Alphabet planeja emitir ao menos 3 bilhões de euros em títulos no mercado europeu. A oferta, estruturada em seis lotes com vencimentos que variam de três a 39 anos, representa a segunda captação da empresa na região em 2025.

Com a operação financeira, o conglomerado reforça o caixa em meio a gastos recordes associados ao crescimento do Google Cloud e ao próprio desembolso bilionário relacionado à compra da Wiz. O movimento indica compromisso em manter liquidez suficiente para iniciativas de larga escala, mesmo diante de um cenário competitivo acirrado entre as grandes empresas de tecnologia.

Outras frentes estratégicas do Google

Paralelamente à aquisição da Wiz, o Google vem executando ações complementares. Entre elas estão:

Integração do Gemini ao Maps – A empresa adicionou seu modelo de inteligência artificial generativa ao serviço de mapas, com o intuito de aprimorar a experiência dos usuários.

Acordo com a Epic Games – Um entendimento em curso pode redesenhar padrões do sistema operacional Android globalmente, impactando a distribuição de aplicativos e a relação com desenvolvedores.

Energia solar espacial – Estudos sobre o uso de painéis solares em órbita para alimentar centros dedicados a IA integram o esforço de otimização energética.

Esses projetos ilustram a amplitude das iniciativas da companhia, que se conectam à expansão em nuvem e inteligência artificial reforçada agora pela aprovação da compra da Wiz.

Repercussões esperadas

Com a concretização do negócio, o Google pretende oferecer uma camada adicional de salvaguarda a clientes empresariais, combinando a infraestrutura de nuvem da companhia com as ferramentas especializadas da Wiz. A expectativa, segundo as empresas, é auxiliar organizações de todos os portes a reduzir vulnerabilidades e a responder a incidentes cada vez mais sofisticados.

Até a finalização prevista para 2026, equipes técnicas de ambas as partes deverão trabalhar em planos de integração. O escopo abrange alinhamento de produtos, consolidação de equipes e definição de ofertas conjuntas, sempre sob acompanhamento dos reguladores competentes.