Funcionários da xAI foram obrigados a ceder rostos e vozes para treinar Ani, chatbot de aparência anime ligado a Elon Musk

Funcionários da xAI foram obrigados a ceder rostos e vozes para treinar Ani, chatbot de aparência anime ligado a Elon Musk

Quem: a startup de inteligência artificial xAI, pertencente a Elon Musk, e seu quadro de funcionários.

O quê: coleta obrigatória de dados biométricos — imagens faciais e gravações de voz — para alimentar o treinamento de Ani, avatar de IA com visual de anime e comportamento sexualizado.

Quando: o procedimento veio à tona em 4 de junho, após publicação de reportagem do Wall Street Journal, e integra práticas recentes da empresa.

Onde: as atividades ocorreram internamente na sede da xAI, nos Estados Unidos, mas os desdobramentos envolvem também a rede social X, que comercializa acesso ao produto final.

Como: por meio de um programa interno chamado Project Skippy, que exigiu assinatura de contrato concedendo uso perpétuo e global das vozes e dos rostos dos empregados sem pagamento de royalties.

Por quê: a empresa alega necessidade de tornar os avatares mais “humanos” nas interações, consolidando a estratégia de oferecer experiências de IA com forte apelo de engajamento.

Índice

Exigência contratual de dados biométricos

De acordo com as informações publicadas, a administração da xAI instruiu colaboradores a disponibilizar gravações de voz e fotografias detalhadas de seus rostos. A instrução não foi facultativa: a entrega dos materiais foi apresentada como requisito de trabalho, vinculada a termos de licença que transferiam à companhia o direito de explorar esses dados em caráter perpétuo, global e sem qualquer compensação financeira posterior. Nos documentos, não havia previsão de pagamento de royalties nem limitação de uso, o que, na prática, permitia que a startup reutilizasse as amostras em contextos futuros, inclusive fora do escopo original.

Project Skippy: estrutura e objetivos

O processo de coleta, batizado de Project Skippy, tinha finalidade específica: alimentar os modelos da Ani, chatbot projetado para atuar como namorada virtual. O projeto foi idealizado para refinar entonação, expressões faciais e sincronização labial, assegurando respostas mais críveis e próximas do comportamento humano. Segundo a reportagem, a exigência abrangia todos os colaboradores, independentemente de área de atuação, reforçando a amplitude do esforço para compor um banco de dados rico em variações de voz e detalhes faciais. A proposta, ainda que técnica, carregava implicações diretas sobre privacidade e exposição dos profissionais.

Ani: do laboratório ao serviço pago SuperGrok

O avatar foi inserido no portfólio da xAI dentro do SuperGrok, assinatura premium do X que custa US$ 30 mensais, valor aproximado de R$ 170. Lançada com modo NSFW habilitado, a aplicação rapidamente ganhou notoriedade por se posicionar como parceira afetivo-virtual de usuários assinantes, explorando fantasia romântica e conteúdo adulto. A recepção rendeu ao produto o status de um dos mais populares da empresa. Essa aceitação evidenciou a estratégia comercial de monetizar a IA não apenas pelo desempenho técnico, mas também pela criação de vínculos emocionais e pela oferta de interações consideradas íntimas.

Reações internas e preocupações com uso secundário

Relatos coletados pela reportagem indicam que muitos funcionários manifestaram desconforto diante de dois fatores: a natureza sexualizada do chatbot e a possibilidade de que suas vozes e rostos, agora integrados ao sistema, fossem reutilizados em conteúdos deepfake ou negociados com terceiros. Apesar dos receios, o fluxo de dados seguiu normalmente e não houve menção a canais de contestação internos capazes de alterar a imposição contratual. A inquietação reforça debate mais amplo sobre consentimento genuíno em ambientes corporativos quando a posição hierárquica limita a possibilidade de recusa.

Dedicação de Elon Musk à xAI

O mesmo levantamento jornalístico descreve um Elon Musk intensamente envolvido nas operações da xAI. O executivo tem passado longas horas na sede da startup, conduzindo reuniões que avançam pela madrugada e participando pessoalmente de etapas de desenvolvimento tanto do Grok, sistema de IA conversacional, quanto da própria Ani. Desde que deixou o governo norte-americano, o bilionário teria transformado a xAI em foco central de suas atividades empresariais, a ponto de realizar encontros com executivos da Tesla nas instalações da nova empresa, prática que ilustra o cruzamento de agendas entre os empreendimentos que lidera.

Impacto na Tesla e queda nas vendas

Enquanto o fundador direciona energia à corrida pela inteligência artificial, a Tesla enfrenta diminuição no volume de carros vendidos e crescente pressão de investidores. Grandes acionistas questionam o conselho de administração sobre a aparente redução de atenção do CEO à montadora. A inquietação atinge inclusive a perspectiva de sucessão, dado que a concentração de compromissos de Musk em outras frentes empresariais suscita dúvidas sobre continuidade de liderança em projetos fundamentais da fabricante de veículos elétricos.

Peso de um pacote de remuneração quase trilionário

Em resposta à volatilidade do cenário, o conselho da Tesla analisa nesta semana um pacote de remuneração estimado em quase US$ 1 trilhão, algo próximo de R$ 5,7 trilhões. A proposta, que será submetida a voto dos acionistas em 6 de junho, pretende ampliar a participação acionária de Elon Musk de 15% para até 29%, condicionada ao cumprimento de metas classificadas como ambiciosas: comercializar 20 milhões de veículos elétricos, colocar em circulação um milhão de robotáxis e atingir a mesma quantidade de robôs humanoides em operação. O objetivo declarado é manter o executivo engajado na companhia e dissuadi-lo de dedicar atenção exclusiva à xAI.

Questionamentos sobre governança e conflito de interesses

A iniciativa de remunerar o CEO em escala tão elevada divide consultorias renomadas e investidores institucionais. Especialistas alertam para riscos de concentração de poder, sobretudo em situações em que as empresas de Elon Musk apresentam interesses potencialmente conflitantes entre si. Há ainda debate sobre a possibilidade de a Tesla vir a investir financeiramente na xAI, o que ampliaria o entrelaçamento operacional e financeiro. Apesar dessas reservas, análises de mercado apontam expectativa de aprovação do pacote, sustentada pelo apoio consistente de acionistas que valorizam a visão de longo prazo do fundador.

Visões do conselho da Tesla

Robyn Denholm, presidente do conselho, minimizou críticas externas, afirmando que, enquanto outros chief executive officers gastam tempo em atividades de lazer como jogar golfe, Musk se dedica a criar novas empresas. Ainda assim, membros do colegiado reconhecem não possuir instrumentos para obrigar o executivo a concentrar suas horas exclusivamente na montadora, circunstância que mantém viva a discussão sobre equilíbrio de prioridades em meio à expansão da iniciativa de IA.

Popularidade da Ani e consolidação do modelo de negócios

Mesmo sob polêmica, a Ani consolidou-se como componente central da linha de serviços da xAI. A combinação de assinatura mensal, conteúdo NSFW e promessa de companhia virtual fortaleceu a receita proveniente da base de usuários da rede social X. Ao mesmo tempo, o caso evidencia tendência de exploração comercial de avatares hiper-realistas que se aproximam de interações humanas. A médio prazo, a empresa planeja aprofundar a personalização dos personagens, meta que, segundo o relatório, motivou a coleta maciça de dados biométricos dos próprios trabalhadores.

Consequências para privacidade e regulação

A revelação da estratégia da xAI reacende discussões sobre limites de coleta de dados sensíveis em ambiente corporativo. Embora não haja referência a processos judiciais ou sanções regulatórias no momento, o episódio ilustra desafios emergentes no marco da inteligência artificial, especialmente quando envolve biometria e potencial aplicação em contextos sensíveis, como conteúdos adultos. O incidente ainda reforça a necessidade de políticas internas claras que equilibrem inovação com salvaguardas de privacidade.

Com a publicação do Wall Street Journal, o uso obrigatório de rostos e vozes de funcionários tornou-se mais um ponto de pressão sobre Elon Musk, que tenta conciliar ambições na área de IA com as demandas de governança de empresas consolidadas, como a Tesla. A evolução dessa tensão permanece sob acompanhamento de investidores, reguladores e público, que observam de perto as próximas etapas tanto da votação do pacote bilionário quanto do desenvolvimento de produtos como a Ani.

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