Duas erupções solares de classe X interrompem comunicações e elevam alerta para tempestades geomagnéticas leves

Duas erupções solares de classe X interrompem comunicações e elevam alerta para tempestades geomagnéticas leves

Duas erupções solares de classe X registradas com intervalo inferior a seis horas provocaram apagões de rádio em diversas regiões do planeta e colocaram serviços meteorológicos espaciais em alerta para possíveis tempestades geomagnéticas leves ao longo da semana.

Índice

Quem, o quê, quando e onde

Na terça-feira, 4 de novembro de 2025, o Sol emitiu dois clarões classificados no nível mais alto da escala de raios X utilizada pelos cientistas. A primeira erupção, catalogada como X1.8, ocorreu às 14h34 (horário de Brasília) na mancha solar identificada como AR4274. Pouco depois, às 19h02, uma segunda explosão, dessa vez de classe X1.1, foi registrada em uma região solar que ainda não estava visível a partir da Terra no momento do evento.

Os efeitos imediatos foram sentidos em faixas distintas do planeta. A erupção X1.8 desencadeou um apagão de rádio de nível R3 — categoria que denota forte perturbação — em extensas áreas das Américas do Norte e do Sul. A explosão X1.1, por sua vez, afetou comunicações no Pacífico Norte, na Nova Zelândia e em setores da Austrália.

Como as erupções impactaram as comunicações

Os apagões registrados pertencem à classificação R3, utilizada pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) para caracterizar forte degradação de sinais de alta frequência. Nesses episódios, operadores de aviação, embarcações e serviços emergenciais relatam dificuldade na troca de mensagens que dependem de ondas refletidas na ionosfera, camada da atmosfera diretamente influenciada pela radiação solar.

Embora a interrupção seja temporária, a intensidade de um evento R3 pode comprometer rotas transcontinentais e exigir a adoção de meios alternativos de comunicação até que a ionosfera retorne ao estado normal.

Ejeções de massa coronal associadas

Cada uma das erupções disparou no espaço grandes nuvens de plasma e campos magnéticos conhecidas como ejeções de massa coronal (CMEs, na sigla em inglês). De acordo com análises iniciais, nenhum dos dois pacotes de matéria solar foi lançado diretamente em direção à Terra. Ainda assim, projeções apontam que as bordas dessas CMEs podem se misturar a um fluxo rápido de vento solar que se desloca pelo Sistema Solar.

Esse possível encontro motivou a NOAA a prever a formação de tempestades geomagnéticas leves a moderadas, classificadas nos níveis G1 a G2, entre quinta-feira, 6 de novembro, e sexta-feira, 7 de novembro. Em geral, perturbações dessa intensidade não representam risco significativo para satélites ou redes de energia, mas costumam produzir auroras mais brilhantes e multicoloridas nas latitudes próximas aos polos.

Atividade contínua da mancha solar AR4274

Mesmo após desencadear a erupção X1.8, a região ativa AR4274 manteve alto grau de instabilidade. Na manhã de quarta-feira, 5 de novembro, a mancha expulsou um clarão adicional, desta vez de classe M7.4, considerado moderado em comparação com os eventos do dia anterior. A NOAA calcula que essa mesma região apresenta 65% de chance de gerar novas erupções de classe M e 15% de chance de emitir clarões de classe X nos próximos dias, justamente porque seu posicionamento no disco solar começa a se alinhar com a linha de visão da Terra.

Entendendo o ciclo solar e as manchas

Os astrônomos acompanham a variação da atividade solar em ciclos de aproximadamente 11 anos. O período atual, designado Ciclo Solar 25, tem exibido crescimento sucessivo no número de manchas — áreas escuras e relativamente frias que concentram campo magnético intenso. À medida que essas linhas magnéticas se torcem e se reconectam, podem liberar enormes quantidades de energia, manifestadas na forma de erupções e CMEs.

Durante o auge de um ciclo, chamado máximo solar, a presença de múltiplas manchas eleva a frequência de clarões. Cada rotação do Sol em torno de seu próprio eixo, processo que dura cerca de 27 dias, faz com que determinadas regiões ativas desapareçam temporariamente do nosso campo de visão e depois retornem.

Sistema de classificação de erupções

A potência de uma erupção é medida pelos níveis de raios X detectados por satélites. A escala adotada divide os eventos em cinco categorias principais, listadas da menos para a mais energética: A, B, C, M e X. Cada avanço de letra corresponde a um aumento de intensidade dez vezes maior que o anterior. Dentro de cada classe, algarismos de 1 a 9 especificam o valor aproximado do fluxo de raios X.

Dessa forma, um clarão X2 libera o dobro de energia de um X1, enquanto um X3 é três vezes mais forte do que um X1. O sistema facilita a avaliação rápida do potencial impacto sobre a ionosfera, satélites, sistemas de navegação e redes elétricas.

Probabilidade de novas ocorrências

Com base no comportamento recente da AR4274 e na movimentação de outras manchas ainda além da extremidade leste do Sol, previsões de curto prazo indicam que a Terra pode ser exposta a mais surtos solares à medida que essas regiões migram para a face visível. A probabilidade divulgada pela NOAA — 65% para erupções de classe M e 15% para classe X — reflete o histórico de atividade observado nos dias 4 e 5 de novembro.

Vale lembrar que erupções isoladas, mesmo as mais intensas, não constituem ameaça direta à vida na Terra graças à proteção oferecida pelo campo magnético planetário. No entanto, perturbações geomagnéticas podem afetar tecnologias sensíveis, razão pela qual monitoramento contínuo é essencial para a emissão de alertas a operadoras de satélites, companhias aéreas e gestores de infraestrutura elétrica.

Consequências possíveis das tempestades geomagnéticas previstas

Os níveis G1 e G2 estimados para os dias subsequentes às erupções são considerados baixos a moderados. Em um evento G1, podem ocorrer flutuações menores em redes de energia de alta latitude e impactos leves nos sistemas de navegação. Já um evento G2 pode exigir correções de navegação mais frequentes e gerar auroras visíveis em latitudes um pouco mais baixas do que o habitual. O cenário mais provável, segundo a NOAA, é o de ocorrências luminosas reforçadas próximos aos polos, sem expectativa de danos estruturais.

Resumo dos dados observacionais

• Primeira erupção: X1.8
• Horário: 14h34 (Brasília)
• Local: mancha solar AR4274
• Efeito: apagão de rádio R3 nas Américas

• Segunda erupção: X1.1
• Horário: 19h02 (Brasília)
• Local: região fora de vista
• Efeito: interrupções de rádio no Pacífico Norte, Nova Zelândia e Austrália

• CMEs associadas: direcionamento predominante para o leste, possível impacto tangencial
• Previsão NOAA: tempestades geomagnéticas G1-G2 entre 6 e 7 de novembro

Monitoramento contínuo e próximos passos

Observatórios terrestres e satélites dedicados à meteorologia espacial continuarão a acompanhar a evolução da AR4274 e de outras manchas que surgirem. Qualquer variação na trajetória das CMEs ou a emissão de novos clarões será incorporada aos modelos de previsão para que operadores de comunicações, navegação e geração de energia se antecipem a distúrbios potenciais. Até o momento, a orientação permanece a de vigiar a evolução do clima espacial sem expectativa de impactos severos.

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