Desmatamento na Amazônia recua 11% e atinge menor índice em 11 anos, aponta INPE

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) registrou a menor área desmatada na Amazônia em mais de uma década. Entre agosto de 2024 e julho de 2025, o Sistema de Monitoramento por Satélite Prodes contabilizou 5.796 quilômetros quadrados de floresta derrubada, volume 11 % inferior ao do ciclo imediatamente anterior (agosto de 2023 a julho de 2024). O mesmo levantamento indica que o Cerrado também encolheu sua área desmatada em 11,4 %, totalizando 7.235,27 quilômetros quadrados.
- Terceiro índice mais baixo desde 1988
- Cerrado mantém tendência de queda
- Impacto climático: 733,9 milhões de toneladas de CO₂ evitadas
- Como os dados são captados
- Medidas de governança ambiental
- Fiscalização e multas em alta
- Panorama histórico recente
- Programa União com Municípios
- Desempenho por estado na Amazônia Legal
- Distribuição espacial do desmatamento no Cerrado
- Investimento e capacitação
- Projeções e continuidade das ações
Terceiro índice mais baixo desde 1988
O Prodes mantém o acompanhamento anual do desmatamento na Amazônia Legal desde 1988. Nesse intervalo de 37 anos, apenas dois períodos apresentaram números menores do que o atual: 2012, com 4.571 km², e 2014, com 5.012 km². O resultado recém-divulgado coloca 2024–2025 como a terceira menor taxa da série histórica e consolida o terceiro ano consecutivo de redução. Na comparação com 2022, a área derrubada foi praticamente reduzida pela metade.
Cerrado mantém tendência de queda
No bioma Cerrado, a trajetória segue a mesma direção. A taxa oficial de 7.235,27 km² representa o segundo ano consecutivo de retração após cinco anos de crescimento (2019 a 2023). O recuo de 11,4 % no período 2024–2025 configura, segundo o governo federal, um sinal de que o plano de combate ao desmatamento começa a apresentar resultados fora da Amazônia.
Impacto climático: 733,9 milhões de toneladas de CO₂ evitadas
Os dois biomas combinados evitaram a emissão de 733,9 milhões de toneladas de dióxido de carbono desde 2022. O volume é equivalente às emissões anuais somadas de Espanha e França no ano de 2022, reforçando a relevância climática do recuo registrado.
Como os dados são captados
O Prodes utiliza imagens de satélites de alta resolução para produzir a taxa anual de desmatamento. Paralelamente, o Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) envia alertas diários sobre alterações na cobertura vegetal da Amazônia, do Cerrado e também do Pantanal. Enquanto o Deter funciona como ferramenta de vigilância rápida para orientar fiscalizações, o Prodes consolida os resultados anuais que definem as estatísticas oficiais.
Medidas de governança ambiental
Para explicar a queda, o governo destaca a reestruturação da governança ambiental, fragilizada no ciclo anterior. Entre as iniciativas elencadas estão:
• Criação de Planos de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento voltados à Amazônia, ao Cerrado e aos demais biomas. 
• Retomada da Comissão Interministerial Permanente de Prevenção e Controle do Desmatamento e Queimadas, que reúne 19 ministérios. 
• Reforço da atuação de órgãos federais como Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).
Fiscalização e multas em alta
Entre 2023 e 2025, as multas aplicadas pelo Ibama por infrações relacionadas à flora aumentaram 81 % na Amazônia e 25 % no Cerrado em comparação com o triênio 2020–2022. Segundo a autarquia, o incremento deve-se ao emprego de tecnologia avançada, à intensificação de missões de campo e à presença constante de agentes fiscais em áreas críticas.
Panorama histórico recente
Depois de um ciclo de alta iniciado em 2015, o desmatamento alcançou 13 mil km² em 2021, o maior patamar desde 2006. Em 2022, já sob influência de novas estratégias de comando e controle, o índice recuou para 11.594 km², movimento que se aprofundou nos dois ciclos subsequentes. A sequência 2023–2025 confirma a inversão da curva ascendente observada na década passada.
Programa União com Municípios
No mesmo intervalo de análise, os municípios incluídos no programa União com Municípios (UcM) – considerados prioritários para ações de combate a desmatamento e incêndios – obtiveram queda de 65 % na área desflorestada. O percentual é 31 % superior à média registrada na Amazônia como um todo, evidenciando o efeito concentrado da estratégia em localidades de maior pressão sobre a floresta.
Desempenho por estado na Amazônia Legal
A retração não ocorreu de forma homogênea. Tocantins apresentou a maior redução percentual, de 62,5 %. Em seguida aparecem:
• Amapá: −48,15 % 
• Rondônia: −33,61 % 
• Roraima: −37,39 % 
• Acre: −27,62 % 
• Maranhão: −26,06 % 
• Amazonas: −16,93 % 
• Pará: −12,4 %
Mato Grosso, ao contrário, registrou aumento de 25,06 %, tornando-se exceção na tendência geral de queda.
Distribuição espacial do desmatamento no Cerrado
No bioma cerrado, 77,9 % das áreas suprimidas localizam-se nos estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, região conhecida como Matopiba. Esse recorte espacial permite ao poder público concentrar fiscalizações, aplicar sanções e intensificar ações preventivas onde a pressão sobre a vegetação nativa permanece elevada.
Investimento e capacitação
Autoridades ambientais atribuem a redução verificada a novos investimentos, formação de fiscais especializados e planejamento estratégico. Entre os recursos empregados estão aeronaves não tripuladas, imagens de radar capazes de atravessar nuvens e sistemas de inteligência geográfica que cruzam dados de propriedade fundiária com alertas de desmate. A capacitação de equipes tem priorizado abordagem integrada, permitindo que ações de campo ocorram logo após a emissão de alertas pelo Deter.
Projeções e continuidade das ações
Embora a série de três anos seguidos de queda represente um avanço, o entendimento dos órgãos de controle é que as operações de comando e controle precisam ser mantidas sem interrupção. As metas de médio prazo incluem a consolidação dos Planos de Ação, a expansão de bases operacionais em áreas remotas e a intensificação de parcerias com entes subnacionais.
Os resultados de 2024–2025 demonstram que o desmatamento é sensível a políticas públicas consistentes, ampla fiscalização e monitoramento tecnológico. A tendência de retração observada na Amazônia e no Cerrado reforça a importância de manter mecanismos de governança, aplicar sanções em tempo hábil e investir na proteção permanente dos biomas brasileiros.
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