Investigação revela uso de aplicativos por líderes do Comando Vermelho para divulgar torturas e organizar segurança no Rio de Janeiro

Investigação revela uso de aplicativos por líderes do Comando Vermelho para divulgar torturas e organizar segurança no Rio de Janeiro

Índice

Visão geral da descoberta

Uma investigação policial no Rio de Janeiro identificou que líderes do Comando Vermelho (CV) se valem de aplicativos de troca de mensagens para coordenar atividades internas da facção. Os registros obtidos mostram que esses canais servem tanto para divulgar punições impostas a moradores quanto para organizar a logística de segurança que acompanha chefes do tráfico nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte da capital fluminense. O material coletado levou à realização de uma megaoperação, considerada a mais letal da história da cidade, deflagrada na terça-feira, 28 de outubro de 2025.

Quem são os principais envolvidos

Entre os nomes citados nas conversas interceptadas aparecem Juan Brenos Ramos, conhecido como BMW, e Carlos Costa Neves, apelidado de Gardenal. Ambos são apontados como peças-chave na aplicação das sanções divulgadas nos grupos. Outro integrante destacado é Edgar Alves de Andrade, o Doca, denunciado por participação no homicídio de três médicos em 2023. A presença desses indivíduos confirma que a tomada de decisões não fica restrita a executores de baixo escalão; ela envolve diretamente figuras de comando, que dão ordens e acompanham a execução em tempo real por meio dos aplicativos.

Quando e onde os fatos ocorrem

As mensagens analisadas se referem, sobretudo, a ocorrências dentro dos complexos do Alemão e da Penha. Essas comunidades concentram pontos de venda de drogas monitorados pelo CV, e a troca de informações se intensificou nos dias que antecederam a operação policial. As práticas relatadas também se estendem a bailes funk da região, ambientes em que disputas entre frequentadores originam novos episódios de violência e, consequentemente, punições definidas virtualmente.

Como funcionam os grupos nos aplicativos

De acordo com os investigadores, os líderes mantêm grupos abertos e fechados. Nos abertos, circulam avisos gerais sobre regras de convivência e penalidades gradativas, variando de espancamentos a execuções. Já nos grupos fechados, de acesso restrito, são acertados detalhes operacionais, como a escala de seguranças armados que escoltarão chefes em deslocamentos diários. Assim, a facção centraliza comunicação, reduzindo a necessidade de encontros físicos que poderiam ser monitorados presencialmente pelas forças de segurança.

Punições divulgadas nas mensagens

O conteúdo interceptado revela a adoção de métodos de punição para coibir comportamentos considerados inadequados pelas lideranças. Entre os casos descritos, destaca-se o de um homem algemado, amordaçado e arrastado pelas ruas por aproximadamente sete minutos. Durante o ato, a vítima foi constrangida a identificar integrantes de uma quadrilha rival, sob insultos e deboches. Terminada a exposição, o paradeiro desse morador permanece desconhecido, indicando possível homicídio. A investigação atribui a execução dessa reprimenda a BMW, que aparece conduzindo a tortura enquanto se comunica por chamada de vídeo com Gardenal.

Uso de gelo como forma de tortura

Além de castigos físicos diretos, as mensagens mostram a adoção de um método alternativo para punir participantes de brigas em bailes funk. Em vez de agressões corporais convencionais, alguns infratores foram colocados dentro de galões cheios de gelo. Uma foto anexada aos grupos retrata uma mulher coberta por cubos gelados. A legenda esclarece que a escolha desse procedimento seria uma tentativa de evitar espancamentos contra moradores, embora permaneça evidente o caráter de intimidação e sofrimento imposto.

Objetivos estratégicos da comunicação digital

As trocas de mensagem cumprem múltiplas funções estruturais para o Comando Vermelho. Primeiro, atuam como ferramenta de controle social, pois a ampla divulgação de punições reforça o temor coletivo e desencoraja atos de desobediência. Segundo, consolidam a cadeia de comando, permitindo que instruções de alto escalão cheguem rapidamente a bases operacionais dispersas pela comunidade. Terceiro, reduzem a exposição de lideranças: com decisões concentradas em ambientes virtuais, encontros presenciais se tornam menos frequentes e, portanto, menos suscetíveis a vigilância policial.

Organização da escolta armada

Outra vertente revelada diz respeito à escala de segurança. Nos grupos fechados, administradores determinam quais homens armados irão compor a escolta dos chefes em cada dia. A seleção é comunicada individualmente, definindo horários, locais de encontro e armamentos disponíveis. Dessa forma, o CV garante proteção personalizada às suas lideranças, adaptando a quantidade de efetivo de acordo com o nível de risco percebido em cada deslocamento.

Repercussão na megaoperação policial

As informações obtidas nos aplicativos foram decisivas para planejar a ação policial do dia 28 de outubro. Considerada a mais letal já registrada no Rio de Janeiro, a operação teve como foco pontos dominados pela facção nos complexos mencionados. O material probatório forneceu indícios suficientes para mandados de busca e captura contra suspeitos diretamente vinculados às torturas e às execuções determinadas pelos grupos virtuais.

Conexão com os assassinatos de 2023

No conteúdo analisado, o nome de Doca surge não apenas como participante das decisões internas, mas também como figura relacionada ao assassinato de três médicos em um quiosque na Barra da Tijuca, em 2023. A menção reforça a amplitude das atividades criminosas dos envolvidos, que incluem tanto delitos cometidos dentro das comunidades quanto ações executadas em outros bairros da cidade.

Consequências para os moradores

Os moradores das áreas controladas pelo CV enfrentam um contexto em que infrações arbitrárias podem resultar em punições severas. A divulgação das penalidades nos aplicativos cria um ambiente de coerção permanente. Quem descumpre normas impostas, demonstra ligação com facções rivais ou se envolve em conflitos nos bailes funk está sujeito a castigos físicos, sequestros e até morte. O medo, portanto, torna-se instrumento essencial para manutenção do domínio territorial.

Aspectos logísticos e de segurança interna

A investigação também mostra como a tecnologia simplifica a gestão logística de pontos de venda de drogas. Líderes designam turnos de vigilância, informam reposição de estoques ilícitos e ordenam movimentação de armas, tudo registrado nos aplicativos. Ao padronizar esse processo, a facção consegue reagir com rapidez a operações policiais ou a ataques de grupos rivais, realocando pessoal e recursos conforme a necessidade.

Cronologia do fluxo de decisões

As conversas reveladas sugerem um fluxo hierárquico claro: líderes de maior patente elaboram as ordens, administradores de grupos as repassam, e executores finalizam as ações. Em muitos casos, as etapas ocorrem em questão de minutos, aproveitando a instantaneidade dos aplicativos. Essa agilidade contribui para dificultar intervenções, pois quando forças de segurança tentam reagir, a ordem já foi cumprida ou deslocada para outro ponto.

Implicações para futuras ações policiais

Embora a megaoperação de 28 de outubro tenha obtido êxito em apreender provas e desencadear prisões, a dependência do CV em plataformas digitais traz desafios contínuos para a segurança pública. Monitorar grupos exige decisões judiciais, análise de grande volume de dados e adaptação constante a novas ferramentas de criptografia e troca de mensagens. A investigação atual indica que o enfrentamento à criminalidade organizada passa, cada vez mais, por interceptações tecnológicas aliadas a ações de campo.

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