Tokenização de bens físicos surge como alternativa sólida após colapso dos NFTs

Tokenização de bens físicos surge como alternativa sólida após colapso dos NFTs

Quem, o quê, quando, onde e por quê

A adoção da tecnologia blockchain experimentou uma mudança de foco a partir de 29 de outubro de 2025, quando discussões sobre tokens não fungíveis (NFTs) passaram a ceder espaço à tokenização de ativos físicos. O movimento ganhou força depois do colapso nas negociações de imagens digitais, abrindo caminho para o uso da mesma estrutura tecnológica em bens tangíveis, como imóveis e cotas de multipropriedade. O objetivo é claro: aumentar a segurança e a liquidez em transações de alto valor.

Índice

Do Bitcoin ao Ethereum: a fundação para contratos inteligentes

O ponto de partida da atual revolução digital foi o Bitcoin, primeira criptomoeda concebida para eliminar intermediários financeiros. Seu êxito demonstrou que registros distribuídos podem operar sem autoridades centrais. A partir daí, surgiu o Ethereum, cuja contribuição foi transformar a blockchain em uma espécie de computador descentralizado. Dentro desse ambiente, códigos autônomos — os chamados Smart Contracts — executam regras predefinidas, de modo semelhante à forma como cadeias de DNA ativam funções específicas de acordo com estímulos externos.

ERC-20: a porta para milhares de moedas e stablecoins

Quando o padrão ERC-20 foi publicado, o ecossistema ganhou capacidade de criar novas moedas sem necessidade de blockchains independentes. A padronização permitiu que stablecoins fossem emitidas com valores lastreados em dólares, reais ou outras moedas fiduciárias. Na prática, cada token segue parâmetros uniformes de transferência e verificação, facilitando integrações e aumentando a liquidez do mercado.

Ascensão e queda dos NFTs digitais

O passo seguinte veio com os tokens não fungíveis, que introduziram identificadores únicos e metadados para representar itens singulares. Esse recurso resultou em um frenesi de compras de imagens e colecionáveis virtuais por valores milionários. Contudo, a própria natureza do meio digital, onde cópias podem ser replicadas indefinidamente, expôs uma incoerência entre escassez e propriedade. A euforia diminuiu rapidamente, os preços despencaram e as movimentações perderam relevância, decretando um fim abrupto ao período de crescimento descontrolado.

ERC-1155: ponte entre o físico e o digital

A saída encontrada por desenvolvedores foi ampliar a proposta dos NFTs por meio do ERC-1155. O novo padrão habilita contratos que conciliam ativos não fungíveis e fungíveis em um mesmo registro. Dessa forma, é possível lastrear um bem real — como um apartamento — e, simultaneamente, emitir tokens que representem quotas negociáveis desse bem. A coexistência de ambos os formatos em um único contrato abre espaço para uma integração segura entre o mundo físico e a rede blockchain.

Redução de riscos em transações de alto valor

Um exemplo prático aparece na iniciativa do Banco Central com a criptomoeda experimental DREX. A proposta visava sincronizar a transferência de propriedade de ativos, como imóveis ou veículos, ao pagamento registrado em blockchain. Assim que o valor fosse liquidado dentro do contrato, a titularidade seria atualizada automaticamente, eliminando fraudes e inadimplência. O mecanismo diminui incertezas típicas de processos que dependem de cartórios ou de múltiplos agentes de registro.

Multipropriedade fracionada e negociável

Além de grandes transações imobiliárias, a tokenização oferece uma saída para o mercado de multipropriedade. Nesse modelo, várias pessoas compartilham o direito de uso de um mesmo imóvel em períodos distintos. Ao converter cada fração em um token, a revenda ou a troca de datas deixa de exigir contratos físicos complexos. Os titulares podem simplesmente negociar seus tokens em ambientes digitais, adequando o uso do imóvel às próprias necessidades e, consequentemente, aumentando a liquidez desse tipo de investimento.

Como a liquidez é potencializada

Um token negociável 24 horas por dia reduz a dependência de corretores, registros manuais e prazos burocráticos. Quando o ativo subjacente é indivisível — como um apartamento —, o investidor costuma enfrentar barreiras para realizar lucro parcial. Com a tokenização, torna-se viável vender apenas parte da posição, já que o contrato inteligente se encarrega de redistribuir direitos e responsabilidades de acordo com a nova composição de titulares.

Por que o mercado considera a proposta uma revolução

A substituição de processos manuais por código automatizado diminui custos operacionais e tempos de compensação. Além disso, a transparência inerente à blockchain permite que todos os participantes auditem transações em tempo real, fortalecendo a confiança entre compradores e vendedores. Esses fatores justificam a percepção de que, apesar do insucesso das artes digitais espelhadas em NFTs, a mesma arquitetura tecnológica encontra terreno fértil em bens físicos.

Riscos e aprendizados decorrentes do colapso dos NFTs

A experiência recente mostrou que entusiasmo desmedido pode levar a perdas financeiras significativas. Compradores que adquiriram imagens a valores elevados descobriram que a utilidade tangível é determinante para a sustentação de preços. No contexto de ativos físicos, a utilidade está ligada ao uso ou à geração de renda do bem. Ainda assim, especialistas alertam que a tecnologia pode estar adiantada em relação à capacidade de assimilação de setores tradicionais, provocando resistência e atrasos na adoção.

Impacto potencial no mercado de trabalho

Com a automatização de etapas como registro, compensação e custódia, determinadas funções podem perder espaço. A analogia que circula entre entusiastas é a dos vendedores de velas que, no século XVIII, poderiam ter tentado barrar a adoção da luz elétrica para preservar seu sustento. Embora ilustrativa, a comparação reforça a necessidade de adaptação profissional diante da inevitável transformação digital.

Caminhos futuros para a tokenização de ativos

Mesmo tendo enfrentado resistência inicial, a proposta de representar bens tangíveis na blockchain avança pelo apelo à segurança e à redução de intermediários. Se contratos inteligentes continuarem a evoluir, novas aplicações poderão surgir, reforçando a utilidade prática desse modelo. Por ora, o principal diferencial é garantir que a transferência de valor e a transferência de propriedade ocorram no mesmo instante, sem lacunas que abram espaço para descumprimentos.

A transição do interesse coletivo do NFT digital para o token físico indica que o mercado de blockchain está longe de ficar restrito a especulação. O ciclo recente sugere que, quando a tecnologia se alinha a necessidades concretas, ela encontra terreno para amadurecer e produzir ganhos de eficiência duradouros.

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