Oito jogos de fantasia sombria que dialogam com o legado de Berserk

O universo concebido por Kentaro Miura transformou Berserk em um marco da fantasia sombria. Seus cenários em ruínas, guerreiros atormentados e batalhas viscerais atravessaram o mangá, o anime e atingiram também o campo dos videogames. Diversos estúdios absorveram esses elementos para construir mundos onde decadência, tragédia e violência se encontram. A seguir, são apresentados oito títulos que compartilham essa mesma essência, cada um explorando à sua maneira os alicerces temáticos que consagraram a jornada de Guts.
Dragon’s Dogma: Dark Arisen
Plataformas: PlayStation 3, Xbox 360, Windows, PlayStation 4, Xbox One e Nintendo Switch.
Produzido pela Capcom, este RPG de ação insere o jogador em um extenso território aberto repleto de montanhas, fortalezas caídas e criaturas mitológicas. O protagonista, denominado Arisen, é completamente customizável e enfrenta ameaças que vão de goblins a dragões de tamanho colossal. A obra se distingue por permitir que o personagem escale inimigos gigantes, ampliando a sensação de confronto desigual que permeia Berserk. A atmosfera melancólica, sustentada por trilhas sonoras de tom grave, acentua a impressão de que toda vitória custa muito. Cada encontro, mesmo contra adversários menores, carrega perigos reais, reforçando o caráter punitivo típico da fantasia sombria.
Odallus: The Dark Call
Plataformas: PC, Nintendo Switch, Xbox One e PlayStation 4.
Desenvolvido pelo estúdio brasileiro JoyMasher, o título adota estética 2D inspirada em jogos de plataforma da década de 1990. O guerreiro Haggis, já cansado de batalhas, retorna à espada quando seu filho é raptado por forças demoníacas. A jornada atravessa vilarejos abandonados, criptas profanadas e florestas corrompidas. Combinando elementos de metroidvania, o jogo convida o jogador a revisitar áreas para descobrir rotas alternativas e tesouros ocultos. Chefes de proporções descomunais e a trilha sonora melancólica reforçam o sentimento de luta desesperada contra poderes muito maiores, ponto de convergência direto com as narrativas de Berserk.
Soulstice
Plataformas: PlayStation 5, PlayStation 4, PC, Xbox Series X e Series S.
A aventura acompanha as irmãs Briar e Lute, ligadas por um ritual que confere poder extraordinário ao custo de uma maldição devastadora. A direção de arte utiliza referências a esculturas de mármore, resultando em estátuas quebradas, salões góticos e armaduras ornamentadas. Essa iconografia evoca o contraste entre glória e ruína, tão presente na obra de Miura. O combate, rápido e estilizado, alterna entre golpes pesados de espada de duas mãos e habilidades espirituais de apoio, refletindo a dualidade das protagonistas. A narrativa enfatiza sacrifício, destino e corrupção, ampliando a conexão temática com Berserk.
Fear & Hunger
Plataforma: PC.
Criado por Miro Haverinen, o jogo funde mecânicas de sobrevivência a um enredo situado num calabouço conhecido como Covil do Medo e da Fome. O jogador escolhe um entre quatro aventureiros na tentativa de localizar o mercenário Legarde. O cenário combina estética medieval com elementos infernais: corredores mal iluminados, criaturas deformadas e armadilhas letais. Fome, sanidade e decisões morais pesadas são sistemas que afetam diretamente a progressão. A apresentação visual remete ao período inicial dos gráficos em 3D, reforçando uma sensação de desconforto constante. Brutalidade e tragédia dominam cada passo, tornando-o um dos exemplares mais extremos da fantasia sombria contemporânea.
Blasphemous
Plataformas: Nintendo Switch, PlayStation 4, Xbox One, PC, Android e iOS.
Ambientado em Cvstodia, território consumido por um milagre deturpado, o jogador controla o Penitente, guerreiro silencioso que empunha uma espada alongada e ornamentada. As referências visuais partem do catolicismo andaluz e da arte sacra barroca: procissões penitenciais, retábulos retorcidos e símbolos de sofrimento. Inimigos assumem formas de fanáticos, freiras deformadas e relicários vivos. A progressão no estilo metroidvania exige exploração minuciosa de templos em ruínas, catacumbas e vilarejos calamitosos. O conjunto resulta em uma experiência que alia combate rígido, iconografia religiosa e culpa, elementos que conversam diretamente com o tom de Berserk.
Lords of the Fallen
Plataformas: PlayStation 5, Xbox Series X | S e PC.
Sob a perspectiva de um Cruzado das Trevas, o usuário tem a missão de impedir o retorno de Adyr, divindade demoníaca. A mecânica central alterna entre dois domínios: Axiom, reino dos vivos, e Umbral, plano dos mortos. Cada ambiente apresenta versões degradadas das mesmas estruturas, simbolizando a disputa entre redenção e corrupção. Confrontos pesados, inspirados no subgênero soulslike, demandam esquivas precisas, leitura de padrões e gerenciamento de vigor. Chefes de grandes dimensões, ornados de correntes e armaduras corrompidas, reforçam a temática de pecados ancestrais, aproximando a obra do sentimento épico e tortuoso de Berserk.
Drakengard
Plataformas: PC, PlayStation 2, PlayStation 3, PlayStation 4, Xbox 360 e Xbox One.
Criação de Yoko Taro, o jogo se passa em Midgard, continente mergulhado em guerra e insanidade. O cavaleiro Caim firma pacto com um dragão para manter-se vivo, trocando humanidade por poder – escolha que se alinha ao dilema de vários personagens de Miura. A história registra batalhas terrestres contra exércitos e confrontos aéreos montado no dragão aliado. Temas de sacrifício, fatalismo e perda percorrem a narrativa, resultando em vários finais trágicos. Essa abordagem, combinada à estética medieval sombria, oferece pontos de convergência inequívocos com Berserk.
Jogos da FromSoftware influenciados por Berserk
A influência declarada de Kentaro Miura alcança a obra de Hidetaka Miyazaki, diretor responsável por títulos que definiram o gênero soulslike. Espadas colossais, cavaleiros corrompidos, reinos despedaçados e criaturas abissais povoam as seguintes produções:
Dark Souls (2011) – PlayStation 3, Xbox 360, PC, PS4, Xbox One e Nintendo Switch.
Dark Souls II (2014) – PlayStation 3, Xbox 360, PC, PS4 e Xbox One.
Dark Souls III (2016) – PlayStation 4, Xbox One e PC.
Bloodborne (2015) – PlayStation 4.
Sekiro: Shadows Die Twice (2019) – PlayStation 4, Xbox One, PC e Nintendo Switch (Cloud).
Elden Ring (2022) – PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X/S e PC.
Elementos recorrentes nesses títulos, como castelos decadentes, guerreiros amaldiçoados e espadas de escala sobre-humana, refletem admiração explícita por Berserk e consolidam a ligação temática entre as duas criações.
Títulos oficiais de Berserk
Além das produções que absorvem influência indireta, existem jogos dedicados exclusivamente à adaptação do mangá:
The Sword of Berserk: Guts Rage (1999 – Dreamcast) – aventura hack-and-slash escrita pelo próprio Miura, alinhada à cronologia do mangá e centrada no estilo de combate brutal de Guts.
Berserk: Millennium Falcon Hen Seima Senki no Shō (2004 – PlayStation 2) – adaptação do Arco Millennium Empire, retratando a busca de Guts pela sanidade de Casca e o confronto com o apóstolo Charles.
Berserk and the Band of the Hawk (2017 – PlayStation 3, PlayStation 4, PlayStation Vita e PC) – mistura a fórmula musou de combate contra multidões com eventos que cobrem da Era Dourada ao Falcão do Império do Milênio, prezando pela fidelidade estética.
Em todos esses jogos, sejam eles homenagens indiretas ou adaptações diretas, a presença de mundos dilacerados, personagens guiados por traumas e enfrentamentos de escala monumental mantém vivo o espírito que tornou Berserk um ícone da fantasia sombria.
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