IBM roda algoritmo de correção de erros quânticos em chip AMD e dá passo decisivo para computadores quânticos comerciais

IBM roda algoritmo de correção de erros quânticos em chip AMD e dá passo decisivo para computadores quânticos comerciais

IBM e AMD demonstraram, nesta semana, a execução em tempo real de um algoritmo de correção de erros quânticos em um chip convencional da família Field Programmable Gate Array (FPGA), um feito que aproxima o setor da meta de tornar a computação quântica viável para aplicações comerciais.

Índice

Quem participa do avanço

O anúncio envolve duas empresas que atuam em pontos diferentes da cadeia tecnológica. A IBM, pioneira na pesquisa de dispositivos quânticos, desenvolveu o algoritmo focado em reduzir falhas nos qubits; a AMD, concorrente direta da Nvidia no mercado de semicondutores, fabricou o FPGA que serviu de plataforma para a implementação.

O resultado coloca a IBM um passo adiante numa corrida em que também participam gigantes como Microsoft e Google, que divulgaram avanços próprios em algoritmos quânticos nos mesmos dias. Embora as abordagens sejam distintas, todas buscam resolver o mesmo desafio: minimizar erros que, hoje, limitam o desempenho dos computadores quânticos.

O que foi realizado

Segundo dados divulgados pela IBM, o algoritmo — apresentado pela primeira vez em junho — foi executado integralmente no hardware da AMD e operou dez vezes mais rápido do que o mínimo necessário para manter a correção estável. Essa velocidade excedente é crucial, pois os qubits sofrem interferências elétricas, magnéticas e térmicas que podem corromper informações em frações de segundo. A capacidade de calcular e aplicar correções antes que o erro se propague define a utilidade prática da tecnologia.

Por que os qubits erram e por que isso importa

Computadores quânticos manipulam qubits, unidades de informação que, diferentemente dos bits clássicos (0 ou 1), podem existir em múltiplos estados simultâneos. Essa propriedade permite explorar fenômenos de superposição e emaranhamento para processar tarefas que, em máquinas tradicionais, exigiriam tempos de execução medidos em milhares de anos.

Entretanto, qubits são extremamente sensíveis. Vibrações mínimas, flutuações de temperatura ou simples interações com o ambiente podem alterar seus estados, gerando resultados incorretos. Sem correção de erros, qualquer cálculo extenso se tornaria imprevisível. Por isso, algoritmos que detectam e corrigem falhas em tempo real são considerados o principal obstáculo técnico a superar antes que a computação quântica deixe os laboratórios e passe a resolver problemas de química, logística, inteligência artificial e criptografia em escala industrial.

Como o algoritmo foi implementado

O trabalho divulgado nesta sexta-feira descreve uma arquitetura híbrida: um processador quântico executa as operações de interesse, enquanto o FPGA AMD monitora o sistema e aplica correções imediatas. A escolha do FPGA não foi casual. Esses chips podem ser reprogramados após a fabricação, oferecendo flexibilidade para ajustes rápidos em lógicas de controle que ainda estão em fase de pesquisa intensiva.

Além disso, FPGAs têm custo acessível e larga oferta no mercado, o que torna a cadeia de suprimentos menos dependente de componentes exóticos. A IBM destacou que esse fator é relevante para a futura produção em volume de computadores quânticos destinados a empresas, universidades e órgãos governamentais.

Impacto nos planos da IBM

A empresa mantém um roteiro de vários anos batizado de Starling, cujo objetivo é entregar um computador quântico totalmente funcional até 2029. Com a execução do algoritmo um ano antes do cronograma, a etapa de confiabilidade do hardware foi adiantada. Na prática, isso libera recursos de P&D para focar em escalabilidade de qubits, integração de sistemas de refrigeração e desenvolvimento de softwares de alto nível.

Repercussão no mercado financeiro

O anúncio teve reflexo imediato no pregão da bolsa norte-americana. As ações da IBM encerraram o dia com alta de 7,88%, cotadas a US$ 397,46. Na mesma sessão, a AMD avançou 7,63%, atingindo US$ 252,92. A valorização indica que investidores interpretaram a demonstração como um indicador sólido de que ambas as empresas podem capturar uma fatia significativa do futuro mercado de hardware e serviços quânticos.

Cenário competitivo mais amplo

Embora IBM e AMD tenham protagonizado o anúncio, a movimentação no setor é intensa. Microsoft e Google também publicaram novos algoritmos nesta semana, sinalizando que a competição se concentra na etapa de correção de erros. Essa convergência evidencia que o desafio técnico é amplamente reconhecido e que qualquer solução prática oferecerá vantagem estratégica significativa.

Intervenção governamental em empresas quânticas

Em paralelo ao avanço tecnológico, políticas públicas começam a ganhar destaque. O governo dos Estados Unidos discute a aquisição de participações minoritárias em companhias de computação quântica em troca de aportes financeiros mínimos de US$ 10 milhões por empresa. As negociações envolvem IonQ, Rigetti Computing, D-Wave Quantum, Quantum Computing e Atom Computing, entre outras.

O modelo proposto espelha acordos anteriores firmados com o setor de semicondutores, em que subsídios foram convertidos em fatias acionárias. A lógica, segundo o Departamento de Comércio, é compartilhar os lucros quando recursos públicos aceleram o crescimento de empresas consideradas estratégicas. Os formatos em estudo incluem participação acionária direta, licenças de propriedade intelectual, royalties e garantias de compra futura.

Possíveis repercussões dessa política

A movimentação estatal adiciona uma dimensão financeira à corrida tecnológica. Ao assegurar capital e, ao mesmo tempo, capturar retorno potencial, o governo reforça a competitividade doméstica frente a rivais internacionais. Para empresas em estágio de escala inicial, os investimentos podem significar redução de risco e maior capacidade de atrair clientes que dependem de roadmaps confiáveis.

Relação entre o avanço técnico e a política de fomento

A demonstração da IBM ilustra por que ativos tangíveis — como algoritmos e resultados validados — ressoam na formulação de políticas públicas. Quanto mais frequentes forem provas de conceito que indiquem proximidade de uso comercial, maior tende a ser o volume de recursos governamentais e privados destinados ao segmento.

Perspectivas para a próxima etapa

De acordo com o cronograma revelado, um artigo científico detalhando a metodologia será publicado na segunda-feira. A partir da divulgação completa dos dados, a comunidade acadêmica e industrial deverá avaliar a reprodutibilidade do experimento e a escalabilidade da solução. Esses fatores determinarão a velocidade com que integradores de sistemas poderão adotar o algoritmo em outros tipos de hardware ou em arquiteturas quânticas alternativas.

Conclusão factual

A execução bem-sucedida do algoritmo de correção de erros em um FPGA AMD representa um marco na trajetória da IBM rumo ao computador quântico Starling. O feito comprova que a correção em tempo real pode ocorrer em componentes de mercado, reduzindo custos e complexidade de produção. Em um cenário onde gigantes da tecnologia disputam cada avanço e o governo avalia investimentos diretos, o progresso obtido nesta semana é um indicador relevante de que a comercialização de supercomputadores quânticos está mais próxima do que se imaginava.

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