Ozempic do SUS: Fiocruz e China firmam parceria inédita

Ozempic do SUS ganha força com o acordo assinado nesta terça-feira (14/11) entre o Ministério da Saúde, a Fiocruz e a biofarmacêutica chinesa Gan & Lee Pharmaceuticals para desenvolver análogos do hormônio GLP-1, base dos remédios usados no controle do apetite, da glicemia e da saciedade.
A parceria, formalizada em Memorando de Entendimento (MoU) pelo ministro Alexandre Padilha e pela vice-presidente da Fiocruz, Priscila Ferraz, abre caminho para que o Sistema Único de Saúde (SUS) produza medicamentos semelhantes ao Ozempic e Wegovy, hoje vendidos em média por R$ 1 mil a caneta e rejeitados pela Conitec em agosto devido ao alto custo.
Ozempic do SUS: Fiocruz e China firmam parceria inédita
Além dos estudos com GLP-1, o MoU expande a cooperação iniciada em setembro para fabricar insulina glargina no Brasil. Bio-Manguinhos (Fiocruz), Biomm e Gan & Lee preveem produzir 20 milhões de frascos para o SUS, estratégia que integra o fortalecimento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS) e reduz a dependência de importações.
O cronograma é escalonado: primeiro, envase e rotulagem ocorrerão em território nacional com Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) vindo da China; posteriormente, o IFA passará a ser sintetizado no Centro Tecnológico em Insumos Estratégicos (CTIE) da Fiocruz, em Eusébio (CE).
Na avaliação do CEO da Gan & Lee, Wei Chen, o projeto deve “incentivar novas alianças sino-brasileiras e ampliar o acesso a terapias seguras”. Entre os benefícios esperados estão economia logística, menor impacto cambial e fortalecimento da cadeia local de biotecnologia.
O ministério ressalta que a cooperação também abrange pesquisas para cânceres e doenças autoimunes. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, essas enfermidades respondem por parcela crescente dos gastos em saúde, o que reforça a importância de soluções nacionais de menor custo.
Mesmo após a negativa da Conitec à semaglutida e liraglutida, especialistas veem na produção interna dos análogos de GLP-1 uma via para futura incorporação desses tratamentos no SUS, caso a redução de preços seja comprovada.
No curto prazo, o governo aposta que a transferência de tecnologia e a produção local de insulina glargina já aliviem a balança comercial e garantam abastecimento estável para milhões de brasileiros com diabetes tipo 1 e 2.
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Imagem: myskin/Shutterstock
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