Vício em TikTok: algoritmo cria hábito em 35 minutos

Vício em TikTok preocupa especialistas após um levantamento do The Washington Post indicar que apenas 35 minutos de uso — cerca de 260 vídeos — já bastam para criar um hábito na plataforma.
O jornal analisou 1,1 mil usuários e 15 milhões de vídeos assistidos em seis meses. O resultado revelou crescimento acelerado do tempo online: participantes que usavam o app por 30 minutos diários elevaram o consumo para 45 minutos em apenas uma semana.
Vício em TikTok: algoritmo cria hábito em 35 minutos
Entre os usuários mais intensos, o tempo de tela se manteve alto, passando de 4,5 para 4,1 horas por dia. O padrão confirma documentos internos do TikTok, revelados em processo nos Estados Unidos, que descrevem como o feed infinito reforça o ciclo de recompensa cerebral.
Como o design prende a atenção
Segundo Thomas Essmeyer, pesquisador da Universidade de Bremen, o gesto de deslizar cria sensação de controle, mas, na prática, é o app que conduz o engajamento. Meredith David, professora da Baylor University, acrescenta que o formato curto dos vídeos diminui o autocontrole e estimula comportamentos impulsivos, fenômeno ligado ao phubbing — ignorar pessoas próximas para olhar o celular.
Relatos de usuários reforçam a análise. O gerente Jon Freilich, 51, admite não conseguir largar a plataforma à noite: “É difícil parar, sabendo que o próximo swipe pode trazer algo incrível.” Já a usuária Samantha Margeson, 43, diz se espantar ao perceber “30 minutos seguidos” de rolagem ininterrupta.
Consequências sociais e cognitivas
Para Marc Potenza, psiquiatra de Yale citado pelo The Washington Post, o TikTok ativa o sistema de recompensa do cérebro de forma semelhante a comida ou dinheiro, reduzindo a capacidade de autocontrole. Estudantes como Casey Lumley, 20, relatam dificuldade de formular opiniões depois de longas sessões no aplicativo.
Dicas para reduzir o tempo de uso
Especialistas recomendam monitorar o tempo de tela, silenciar notificações, usar bloqueadores, acessar o TikTok apenas no computador e priorizar interações ativas, como comentar. O próprio aplicativo oferece limites de tempo e filtros de conteúdo, mas usuários relatam ignorar os alertas para continuar rolando.
No fim das contas, vale a orientação de Essmeyer: utilizar a rede social com um propósito definido, e não apenas porque “todo mundo está lá”.
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Crédito da imagem: Tada Images/Shutterstock
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