Sapato arremessado contra juiz na Índia gera reação

Sapato arremessado contra juiz na Índia virou o centro de um debate sobre respeito institucional nesta segunda-feira (25), em Nova Délhi. O advogado Rakesh Kishore lançou o objeto contra o presidente da Suprema Corte, BR Gavai, durante sessão que discutia processos de interesse público.
Testemunhas ouvidas pela BBC confirmaram que o sapato tocou levemente o magistrado e caiu atrás do estrado. Imediatamente contido por seguranças, Kishore gritou que “a Índia não tolera insulto ao Sanatan Dharma”, referência à fé hindu, antes de ser retirado do plenário e suspenso da advocacia.
Sapato arremessado contra juiz na Índia gera reação
A motivação remete a 16 de setembro, quando Gavai rejeitou pedido para reconstruir uma estátua de sete pés do deus Vishnu em Madhya Pradesh. Ao negar a ação, o juiz classificou o processo como “mera litigância de publicidade” e comentou: “Peçam ao próprio deus que faça algo”. A frase foi interpretada por parte da opinião pública como deboche religioso.
Apesar do incidente, Gavai manteve a calma e orientou os demais advogados a prosseguirem com seus argumentos, segundo relato do também advogado Ravi Shanker Jha. A Suprema Corte informou que não apresentará queixa criminal contra Kishore.
Em entrevista ao portal The Print, o agressor afirmou não dormir desde o pronunciamento de Gavai e acusou o magistrado de “fazer pouco de Lord Vishnu”. O episódio reacendeu discussões sobre liberdade de expressão e limites de protesto dentro de tribunais.
O primeiro-ministro Narendra Modi classificou o ato como “totalmente condenável”, acrescentando que “não há lugar para tais atos repugnantes” na sociedade indiana. A declaração foi repercutida por políticos de diferentes espectros, que defenderam a integridade das instituições.
Arremessar sapatos tornou-se símbolo de vergonha pública em diversos países. Casos notórios incluem o ex-presidente dos EUA George W. Bush, alvo de um jornalista iraquiano em 2008, e o presidente do Quênia, William Ruto, atingido por um objeto semelhante em janeiro deste ano. A BBC detalha o simbolismo do gesto em culturas asiáticas e do Oriente Médio em seu site bbc.com.
No âmbito jurídico, especialistas afirmam que violações à segurança do Judiciário podem levar a punições administrativas severas, ainda que não resultem em processo penal, como ocorreu neste caso.
O incidente reforça a tensão entre devoção religiosa e liberdade judicial, temática recorrente na história recente da Índia.
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Crédito da imagem: ANI
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