Sanções à Coreia do Norte: missão canadense patrulha

Sanções à Coreia do Norte: missão canadense patrulha as águas que cercam a península, utilizando antigos, porém modernizados, CP-140 Aurora para identificar navios suspeitos de abastecer o regime de Kim Jong Un.
Três vezes por semana, cerca de 15 militares da Royal Canadian Air Force decolam da Base Aérea de Kadena, em Okinawa, pouco depois do amanhecer. A bordo, sensores de última geração vasculham o Mar do Leste e o Mar Amarelo em busca de transferências ilícitas de combustível e carga que sustentam o programa nuclear norte-coreano.
Sanções à Coreia do Norte: missão canadense patrulha
O Canadá atua na Operation Neon, iniciativa que reúne Austrália, França, Alemanha, Itália, Japão, Países Baixos, Nova Zelândia, Coreia do Sul, Reino Unido e Estados Unidos para reforçar as sanções impostas pela ONU. De acordo com o brigadier-general Jeff Davis, os relatórios diários gerados pela tripulação são essenciais para que os aliados avaliem possíveis violações.
Durante um voo de quase nove horas acompanhado pela imprensa, a aeronave desceu a apenas 90 metros do nível do mar diversas vezes para fotografar barcos suspeitos. “Este aparelho foi projetado para guerra antissubmarino; agora o usamos sobretudo para coleta de inteligência”, explicou o piloto capitão Dominick Knerr.
O desafio cresce porque embarcações desligam o AIS, falsificam registros e se confundem entre centenas de cargueiros que cruzam a região. Relatórios recentes de inteligência apontam que, desde março de 2024, a Rússia teria enviado mais de um milhão de barris de petróleo a Pyongyang, além de tecnologias avançadas de mísseis, intensificando a necessidade de monitoramento aéreo. A dissolução, em 2024, do painel de especialistas da ONU sobre sanções — vetada por Moscou — dificultou ainda mais a coleta de prova documental.
Ameaças também vêm do céu. Caças chineses interceptaram o Aurora canadense em três ocasiões na mesma missão. Segundo Davis, as abordagens foram próximas, porém seguras. Ainda assim, recordam incidente de 2023, quando um jato chinês chegou a cinco metros de outro avião canadense, gerando protesto oficial de Ottawa.
Analistas do International Crisis Group alertam que o reforço do eixo Moscou-Pequim-Pyongyang enfraquece o regime de sanções e permite ao Norte avançar em submarinos nucleares e mísseis de combustível sólido capazes de atingir o território continental dos EUA.
Apesar das tensões, o capitão Monticia Michael destaca que a cooperação multinacional mantém a missão eficaz: “Temos apenas segundos para inspecionar cada navio, mas o intercâmbio de dados entre países torna o bloqueio muito mais rígido”.
No longo prazo, especialistas temem que o enfraquecimento das sanções agrave a instabilidade na Ásia. Enquanto isso, o Canadá segue voando baixo — literalmente — para coletar provas e sustentar a pressão internacional sobre Kim Jong Un.
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Crédito da imagem: Darren Twiss / Global News
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