Ativistas da flotilha de Gaza relatam maus-tratos

Ativistas da flotilha de Gaza afirmam ter sofrido estresse, humilhação e privação de medicamentos enquanto estavam sob custódia israelense após a interceptação de 42 barcos que tentavam furar o bloqueio naval a Gaza.
Segundo relatos feitos no retorno a seus países, cerca de 450 pessoas foram detidas entre quarta e sexta-feira e levadas a prisões israelenses. Entre elas estavam a sueca Greta Thunberg, o neto de Nelson Mandela, Mandla Mandela, parlamentares europeus e jornalistas italianos.
Ativistas da flotilha de Gaza relatam maus-tratos
O jornalista italiano Saverio Tommasi descreveu, no Aeroporto Fiumicino, em Roma, que soldados israelenses “tratavam os presos como macacos”, além de reterem remédios. Israel rebateu, chamando as alegações de “mentiras descaradas” e afirmou que todos receberam oferta de deportação voluntária.
Outro repórter, Lorenzo D’Agostino, disse ter sido acordado repetidamente durante duas noites, ameaçado por cães e por lasers de armas apontados para detentos. Ao chegar a Istambul com 137 ativistas de 13 países, ele relatou ainda o desaparecimento de pertences e dinheiro.
No mesmo voo, Paolo De Montis contou ter passado horas em uma viatura com mãos atadas por braçadeiras plásticas. “Estresse constante e humilhação”, resumiu. Ele afirmou que guardas exigiam que prisioneiros mantivessem a cabeça baixa e, caso levantassem o olhar, eram agredidos.
Em nota nas redes sociais, o Ministério das Relações Exteriores de Israel afirmou que “todos os direitos legais foram plenamente respeitados” e que Greta Thunberg “não apresentou qualquer queixa porque tais abusos nunca ocorreram”. A pasta classificou as denúncias como “sem fundamento”, posição reiterada em declarações à BBC.
O ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, elogiou o tratamento dado no presídio Ketziot, no deserto de Negev. “Quem apoia terroristas merece condições de terroristas”, declarou, provocando protestos de governos como Turquia, Colômbia, Paquistão e Grécia, que reclamou formalmente da “conduta inaceitável”.
A operação de interceptação ocorreu em meio a nova tentativa de cessar-fogo mediada pelos Estados Unidos. Israel disse aceitar a proposta do presidente Donald Trump, enquanto o Hamas declarou concordar com alguns pontos; negociadores devem chegar ao Cairo na segunda-feira.
Em várias cidades, manifestações em apoio à flotilha pediram o fim do bloqueio e a libertação dos detidos. A Suécia informou que trabalha “intensamente” para garantir os direitos de seus cidadãos.
No total, parte dos ativistas já foi deportada, enquanto outros optam por contestar o processo em tribunais israelenses.
O episódio reacende o debate internacional sobre o bloqueio a Gaza e as condições de detenção em Israel. Para continuar informado sobre temas de direitos humanos e geopolítica, acesse nossa editoria em Notícias e Tendências.
Crédito da imagem: Global News
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