Sarah Mullally é escolhida nova arcebispa histórica de Cantuária

Sarah Mullally é escolhida nova arcebispa histórica de Cantuária. A Igreja da Inglaterra anunciou nesta sexta-feira (05) que a bispa de Londres será a primeira mulher a liderar a Comunhão Anglicana mundial, cargo que tradicionalmente define a direção espiritual de cerca de 85 milhões de fiéis.
A escolha marca um avanço para o anglicanismo, mas evidencia as fraturas internas entre correntes liberais e conservadoras, especialmente nos países africanos e asiáticos, onde vive aproximadamente dois terços dos anglicanos.
Sarah Mullally é escolhida nova arcebispa histórica de Cantuária
A Global Fellowship of Confessing Anglicans (Gafcon), rede que reúne igrejas conservadoras na África e na Ásia, declarou ter recebido a notícia “com pesar”. O arcebispo de Ruanda, Laurent Mbanda, presidente do conselho de Gafcon, afirmou que “a maioria da Comunhão Anglicana ainda acredita que o episcopado deve ser exclusivamente masculino”. Ele também criticou o apoio de Mullally à bênção de casais do mesmo sexo, chamando a prática de “não bíblica e revisionista”.
Em contraste, o arcebispo da Cidade do Cabo, Thabo Makgoba, definiu a nomeação como “um desenvolvimento empolgante”. A Igreja da África Austral classificou o anúncio como “histórico” e declarou “acolher calorosamente” a nova arcebispa. Para a bispa Emily Onyango, primeira mulher a ocupar o episcopado no Quênia, trata-se de “um novo amanhecer”. Segundo ela, a oposição de Gafcon tem raízes patriarcais, não teológicas.
Reações conservadoras e progressistas
As tensões dentro da Comunhão Anglicana intensificaram-se em 2014, quando a ordenação de mulheres bispas foi aprovada, e ganharam novo fôlego em 2023, após a permissão para bênçãos de uniões homoafetivas. Naquele ano, Gafcon rompeu relações formais com o então arcebispo Justin Welby, aumentando o temor de cisma.
Mullally citou um provérbio africano em seu primeiro discurso: “Se você quer ir rápido, vá sozinho; se quer ir longe, vá junto”, sinalizando disposição para dialogar. Entretanto, Mbanda respondeu que “nada é irreparável com Deus, mas requer arrependimento”, reforçando a cobrança para que a Igreja da Inglaterra volte aos “ensinamentos bíblicos”.
Analistas avaliam que a liderança feminina pode ampliar a representatividade e estimular debates sobre igualdade de gênero e direitos civis dentro do anglicanismo. Segundo a BBC ( BBC News ), a Comunhão depende agora de negociações diplomáticas delicadas para evitar um rompimento definitivo.
A posse de Sarah Mullally ainda não tem data confirmada, mas deverá ocorrer nos próximos meses, em cerimônia na Catedral de Cantuária.
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Crédito da imagem: Getty Images/BBC
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