Protestos no Marrocos: polícia mata dois em defesa própria

Protestos no Marrocos deixaram, pela primeira vez, mortos desde que as manifestações juvenis começaram no sábado (13). A polícia informou ter atirado em “legítima defesa” contra manifestantes que tentavam invadir uma delegacia em Lqliaa, município vizinho de Agadir, resultando em duas mortes.
Os atos são comandados pela geração Z e contestam o plano governamental de erguer estádios para a Copa do Mundo de 2030, enquanto hospitais e outros serviços públicos seguem precários. “Estádios estão aqui, mas onde estão os hospitais?” virou o principal cântico das ruas.
Protestos no Marrocos: polícia mata dois em defesa própria
Segundo a agência estatal MAP, os disparos ocorreram na noite de quarta-feira (17), quando manifestantes avançaram sobre o prédio policial. Mais cedo, o Ministério do Interior garantiu o direito de protestar “dentro da lei”, mas ressaltou que ataques a instituições seriam contidos.
Desemprego alto e violência em várias cidades
Números oficiais indicam taxa de desemprego geral de 12,8%, saltando para 35,8% entre jovens e 19% entre graduados, de acordo com levantamento da Reuters. Esse cenário alimenta a revolta que se espalhou por Rabat, Casablanca, Tânger e Marrakech, onde uma delegacia foi incendiada.
O porta-voz do Interior, Rachid El Khalfi, relatou 409 detenções, 260 policiais e 20 manifestantes feridos, além da destruição de 40 viaturas oficiais e 20 carros particulares. Apesar dos confrontos, o movimento GenZ 212 — referência ao código telefônico do país — nega envolvimento com ações violentas e segue sem liderança formal, organizando-se principalmente em redes sociais.
Governo busca diálogo, mas tensão persiste
A coalizão governista declarou, na terça-feira (16), disposição para dialogar com os jovens “nas instituições e nos espaços públicos, buscando soluções realistas”. O pronunciamento elogiou o que classificou como “reação equilibrada das forças de segurança”.
Observadores lembram que explosões semelhantes de descontentamento juvenil abalaram recentemente Nepal, Indonésia, Filipinas e Madagascar — neste último, o presidente dissolveu o gabinete para tentar conter a crise.
No Marrocos, manifestantes relatam condições hospitalares “iguais a uma prisão”. Um jovem de Oujda, na fronteira com a Argélia, disse à BBC que pacientes precisam subornar seguranças e enfermeiros para receber atendimento.
Com o avanço das mobilizações e a primeira confirmação de mortes, líderes comunitários pedem contenção, enquanto analistas avaliam que o governo enfrenta seu maior desafio interno dos últimos anos.
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Crédito da imagem: AFP via Getty Images
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