Internet volta no Afeganistão após apagão do Talibã

Internet no Afeganistão foi restabelecida nesta quarta-feira (27) após 48 horas de blackout determinado pelo governo Talibã, devolvendo conectividade à população e alívio a empresas, bancos e serviços de emergência.

Relatos de jornalistas locais e dados da plataforma de monitoramento NetBlocks confirmaram a “restauração parcial” do tráfego online. Uma fonte próxima ao governo informou à BBC Afghan que a ordem partiu diretamente do primeiro-ministro talibã.

Internet volta no Afeganistão após apagão do Talibã

Logo após o retorno do sinal, ruas de Cabul se encheram de moradores comemorando enquanto falavam ao telefone com parentes distantes. “De mulheres a combatentes, todos estavam com o celular na mão”, relatou um residente à imprensa local.

O porta-voz sênior do Talibã no Catar, Suhail Shaheen, declarou que “todas as comunicações” foram normalizadas até o fim da tarde. Entretanto, o regime não apresentou explicação oficial para o corte, que havia interrompido voos, fechado bancos e paralisado remessas internacionais de dinheiro, essenciais para muitas famílias.

No mês passado, um representante do governador talibã da província de Balkh disse que o bloqueio de internet seria “para prevenir vícios”. Desde 2021, o grupo impõe restrições severas baseadas em sua interpretação da Sharia, incluindo a proibição da educação para meninas acima de 12 anos e a retirada de livros escritos por mulheres das universidades.

Organizações internacionais, como a ONU, alertaram que o apagão praticamente isolou o país do mundo, agravando uma das piores crises humanitárias globais. Durante o corte, comerciantes descreveram “morte gradual” dos negócios sem acesso a transferências e comunicação.

Com a conectividade restabelecida, agentes de viagens reabriram parcialmente, e voos começaram a ser reprogramados. Ainda assim, analistas temem novos bloqueios caso o Talibã volte a enxergar a rede como ameaça ao controle social.

Para a população, a internet continua a linha vital de educação, trabalho remoto e contato com parentes no exterior. “Pelo menos agora podemos ter esperança de falar com o mundo”, disse uma estudante que depende de aulas online.

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Crédito da imagem: EPA