Presidente de Madagascar dissolve governo após protestos Gen Z

Presidente de Madagascar dissolve governo após quatro dias de manifestações encabeçadas por jovens que exigem solução para cortes recorrentes de água e energia no país.
Em pronunciamento transmitido pela televisão estatal nesta segunda-feira (10), Andry Rajoelina pediu desculpas “se os membros do governo não cumpriram as tarefas que lhes foram atribuídas” e confirmou a exoneração do primeiro-ministro e de todo o gabinete.
Presidente de Madagascar dissolve governo após protestos Gen Z
Os protestos, apelidados de “Gen Z”, começaram na quinta-feira em Antananarivo e já se espalharam por oito cidades, sempre sob o lema “Queremos viver, não sobreviver”. Relatório do Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos apontou pelo menos 22 mortos e 100 feridos após ações das forças de segurança, que usaram balas de borracha, gás lacrimogêneo e, segundo a entidade, munição real.
A chancelaria malgaxe contestou os números, alegando base “em rumores ou desinformação”. Ainda assim, a capital permanece sob toque de recolher do anoitecer ao amanhecer, após registros de saques e incêndios em propriedades de dois parlamentares.
Rajoelina, reeleito para um terceiro mandato em 2023, disse compreender “a raiva, a tristeza e as dificuldades causadas pelos cortes” e abriu prazo de três dias para receber candidaturas a novo primeiro-ministro antes de formar um gabinete “capaz de dialogar com a juventude”.
Na semana passada, o chefe de Estado já havia demitido o ministro da Energia, medida considerada insuficiente pelos manifestantes, que pedem a renúncia de toda a administração. Banners vistos nas marchas destacavam: “Não queremos confusão, queremos nossos direitos”.
A crise atual é o desafio mais grave ao governo desde 2009, quando protestos em massa derrubaram Marc Ravalomanana e levaram Rajoelina ao poder. Desde a independência, em 1960, o país enfrenta recorrentes levantes populares motivados por instabilidade econômica e serviços públicos precários.
Observadores internacionais alertam que a continuidade da repressão pode agravar a instabilidade. O chefe da ONU para direitos humanos, Volker Türk, pediu “libertação imediata dos manifestantes detidos arbitrariamente” e o fim do uso de força desproporcional.
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Crédito da imagem: Getty Images
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