Pix indireto: entenda golpe que desviou R$ 146 milhões

Pix indireto está no centro de uma operação da Polícia Civil de São Paulo que investiga o desvio de R$ 146,6 milhões em menos de cinco horas. O principal suspeito é o influenciador Gabriel Spalone, dono das fintechs Dubai Cash e Next Trading Dubai, preso em 27 de setembro de 2025 no Aeroporto Internacional de Buenos Aires.
Segundo os investigadores, o grupo aproveitou brechas na infraestrutura de um banco parceiro para autorizar mais de 600 transferências irregulares. A maior parte dos valores foi recuperada, mas o prejuízo final chegou a R$ 39 milhões.
Pix indireto: entenda golpe que desviou R$ 146 milhões
Como funciona o Pix indireto
Instituições financeiras que não possuem conexão direta com o Sistema de Pagamentos Instantâneos (SPI) recorrem ao Pix indireto. Nessa modalidade, bancos menores — chamados de participantes indiretos — utilizam a credencial técnica de parceiros maiores para concluir as transações.
No esquema investigado, a credencial de uma empresa parceira foi usada sem autorização para enviar o dinheiro a centenas de contas, pulverizando os valores e dificultando o rastreamento. De acordo com o Banco Central, o modelo é legítimo, mas requer controles rígidos de autenticação justamente para evitar fraudes.
Estratégias de ocultação
Os suspeitos se valeram de:
- Volume alto de operações em curto período, sobrecarregando mecanismos de alerta.
- Distribuição dos valores entre contas recém-criadas, dificultando o bloqueio cautelar.
- Uso de fintechs com atuação internacional para dificultar pedidos de cooperação jurídica.
Consequências e defesa
Spalone teve o nome incluído na difusão vermelha da Interpol e pode responder por furto mediante fraude e associação criminosa. Em nota à imprensa, sua defesa sustenta inocência, afirma ter apresentado provas ao Judiciário brasileiro e pretende levar o caso à Corte Interamericana de Direitos Humanos.
Para reverter transações suspeitas, o banco vítima acionou o Mecanismo Especial de Devolução (MED), previsto no regulamento do Pix, que permite reaver total ou parcialmente os valores quando há indício de crime.
O caso reacende o debate sobre segurança no ecossistema de pagamentos instantâneos e pressiona instituições a reforçarem a validação de acessos à infraestrutura do SPI.
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Fonte: Getty Images
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