Lenacapavir terá preço 99% menor para prevenir HIV

Lenacapavir, medicamento injetável para prevenção do HIV, chegará a mais de 120 países de baixa e média renda por apenas US$ 40 ao ano, valor 99% inferior aos atuais US$ 28.000.
O corte de preço decorre de um acordo costurado pelo ex-presidente dos EUA Bill Clinton, por meio da Clinton Health Access Initiative (CHAI), em parceria com a Fundação Gates e o instituto sul-africano Wits RHI. A versão genérica do fármaco deve ser distribuída a partir de 2027, ainda sujeita a aprovações regulatórias.
Lenacapavir terá preço 99% menor para prevenir HIV
A injeção semestral age impedindo a replicação do vírus dentro das células. Em julho, o medicamento recebeu recomendação oficial da Organização Mundial da Saúde (OMS) para uso preventivo. Ensaios clínicos anteriores indicaram 100% de eficácia, segundo a farmacêutica Gilead, detentora da patente original.
Para a professora Saiqa Mullick, do Wits RHI, “o acesso acessível não é luxo, mas necessidade”. Ela destacou que a posologia de duas aplicações por ano pode transformar a prevenção entre jovens, mulheres, populações LGBT, profissionais do sexo e usuários de drogas — grupos mais vulneráveis e que enfrentam barreiras nas visitas frequentes a clínicas.
Atualmente, a profilaxia pré-exposição (PrEP) oral custa os mesmos US$ 40 por ano, porém exige dose diária. Apenas 18% dos potenciais beneficiários utilizam o método, conforme a Fundação Gates, em razão de estigma e dificuldade de adesão. A expectativa é que alternativas de longa ação, como o Lenacapavir, reduzam significativamente novas infecções.
Estudo citado pelos parceiros do acordo projeta que oferecer o imunizante a 4% da população elegível pode evitar até 20% das infecções futuras. Além da prevenção, pesquisadores avaliam o uso do composto também no tratamento de pessoas que já vivem com o vírus.
Segundo a UNAIDS, mais de 40 milhões de pessoas convivem hoje com o HIV. Em 2023, foram registrados 1,3 milhão de novos casos e mais de 600 mil mortes relacionadas à Aids. A África do Sul, com quase oito milhões de infectados, será um dos primeiros países a receber o medicamento subsidiado. O Ministério da Saúde sul-africano disse apoiar “qualquer esforço que torne tratamentos salvos-vidas acessíveis a valores sustentáveis”.
No cenário global de cortes em programas de ajuda, como o USAID, especialistas veem a iniciativa como passo crucial para manter a meta de acabar com a epidemia de HIV/Aids.
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Crédito da imagem: AFP via Getty Images
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