Incêndios no sul da Europa provocam três mortos e milhares de deslocados

Os fogos florestais que lavram no sul da Europa continuaram a intensificar-se, obrigando à evacuação de milhares de pessoas em vários países e causando, pelo menos, três vítimas mortais em Espanha, Turquia e Albânia.

Grécia mantém combate apertado na região de Patras

Nos arredores de Patras, a terceira maior cidade grega, centenas de bombeiros tentaram segurar o perímetro das chamas depois de uma noite de trabalho contínuo. Os incêndios avançaram por pinhais e olivais, aproximando-se de zonas residenciais e de instalações agrícolas. Colunas de fogo ergueram-se atrás de blocos de apartamentos e dezenas de veículos arderam num parque de viaturas apreendidas.

Segundo o porta-voz do Serviço de Bombeiros, Vassilis Vathrakoyiannis, o risco de incêndio manteve-se «muito elevado» em grande parte do país. Aviões e helicópteros de largada de água operaram durante todo o dia, enquanto moradores tentavam proteger habitações com baldes e ramos verdes.

Os recursos aéreos dividiram-se entre frentes no oeste da Grécia continental, na área de Patras e nas ilhas de Zakynthos e Chios. Nesta última, equipas exaustas foram vistas a repousar à beira da estrada após turnos nocturnos prolongados.

Espanha, Turquia e Albânia somam vítimas mortais

Em Espanha, um voluntário de combate a incêndios perdeu a vida na comunidade autónoma de Castela e Leão, região onde vários focos obrigaram ao deslocamento de populações e à abertura de centros de acolhimento. O primeiro-ministro Pedro Sánchez expressou condolências públicas e apelou a «precaução máxima».

Na Turquia, um trabalhador florestal morreu e quatro ficaram feridos após o capotamento de um veículo de combate ao fogo no sul do país. As autoridades turcas contabilizam dezoito mortos desde o final de Junho, incluindo dez voluntários e operacionais.

Já na Albânia, um homem de 80 anos faleceu num incêndio a sul da capital, Tirana. Quatro aldeias tiveram de ser evacuadas perto de um antigo paiol militar na região central, onde explosões de munições enterradas da Segunda Guerra Mundial foram relatadas. No distrito montanhoso de Korça, próximo da fronteira grega, dezenas de casas ficaram destruidas.

Calor extremo agrava cenário na Europa

Ondas de calor sucessivas dificultam o controlo dos fogos em todo o Mediterrâneo. Em França, os termómetros chegaram novamente aos 42 ºC pelo terceiro dia consecutivo, levando as autoridades a emitir alertas meteorológicos que permitem cancelar eventos públicos e impedir o acesso a áreas de risco.

O serviço de protecção civil montenegrino alertou para a insuficiência de meios locais face a vários focos activos perto de Podgorica. Na Macedónia do Norte, indícios de fogo-posto ligados a interesses imobiliários estão a ser investigados, depois de um incêndio ter ameaçado uma reserva natural próxima de Skopje.

União Europeia reforça ajuda transfronteiriça

A Comissão Europeia coordenou o envio de equipas de terra e aeronaves de combate a incêndios para os países mais atingidos, incluindo Estados não-membros como a Albânia e Montenegro. O objectivo passa por aliviar serviços nacionais saturados após semanas de altas temperaturas e baixa humidade.

Ao mesmo tempo, vários governos nacionais elevaram o nível de resposta a emergências, mobilizando apoio logístico adicional, encerrando estradas e aconselhando populações a manterem-se atentas a ordens de evacuação.

As autoridades identificam causas diversas para a propagação dos incêndios, desde práticas agrícolas descuidadas e manutenção deficiente de cabos eléctricos até trovoadas secas. Peritos alertam que as condições meteorológicas extremas podem repetir-se nos próximos anos, exigindo investimento continuado em prevenção, vigilância e capacidade de reacção rápida.

Com frentes activas em vários pontos do Mediterrâneo e previsão de continuação do calor, as equipas de socorro preparam-se para mais dias de trabalho intenso, enquanto milhares de residentes aguardam uma melhoria das condições para regressar em segurança às suas casas.

Imagem: Derek Gatopoulos And Llazar Semini via globalnews.ca